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'Black Rabbit' é escura, tensa e viciante. E tem Jude Law e Jason Bateman

26/10/2025 10:01 O Globo - Rio/Política RJ

Minissérie lançada pela Netflix, “Black Rabbit” é marcada por sequências escuras — filmadas em estúdio e em ambientes fechados, ou noturnas. A meia luz constante incomoda bastante, mas está em sintonia com o enredo. É que no centro de tudo fica a ligação doentia entre os irmãos Jake (Jude Law) e Vince Friedken (Jason Bateman). As sombras espelham essa conexão profunda. Elas também reforçam a ideia de que a narrativa é sobretudo a respeito deles dois: tudo o mais é secundário a ponto de nem merecer ser iluminado. Os atores representam um grande motivo para o leitor conferir a produção. Mas a trama de oito episódios tem muitos outros atrativos. Recomendo.
Jake é dono do Black Rabbit, um restaurante que está na moda e enche todas as noites com freguesia interessante e animada. A chef, Roxie (Amaka Okafor), ficou conhecida depois que a crítica gastronômica de um jornal importante elogiou seu talento.
Jason Bateman/Black Rabbit
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Tudo vai bem até Vince, após um período afastado, voltar para Nova York. O reencontro dos Friedken tem grande dose de afeto, mas também reacende neuroses, lembranças ruins, mágoas e desperta a codependência mútua. Essa relação tóxica é o motor da ação.
Vince já passou dos 50 anos. Coleciona dívidas de jogo e teve problemas com drogas. É sagaz, mas a inteligência não o salvou de ser uma espécie de portador de uma maldição familiar. O fracasso se projeta em todos os setores de sua vida e contamina tudo à sua volta. Tem uma filha adulta, que ele abandonou. Foi um dos fundadores do restaurante, mas precisou vender sua participação por ter se envolvido em confusões. Por aí vai.
Jason Bateman e Jude Law/Black rabbit
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Jake, um pouco mais jovem, é pai de um pré-adolescente e mantém um vínculo de cordialidade com a ex-mulher. Mora numa cobertura decorada com gosto e dirige um Jaguar. Parece estabelecido, mas é tudo aparência: o apartamento é alugado e o carro, antigo e sem grande valor. A pintura linda que enfeita a sala de sua casa foi emprestada por uma galeria de arte amiga.
“Black Rabbit” é uma boa história policial e o fã do gênero sentirá a eletricidade do roteiro. Mas sua grande força está na construção dos protagonistas. Não é um simples jogo de contrastes. Ao contrário, o roteiro escapa do maniqueísmo reducionista. Os personagens, cheios de dimensões e facetas, são anti heróis com musculatura. Há momentos em que Bateman (que também dirige os dois primeiros episódios) suplanta Law e domina a tela. E o inverso também acontece. Apreciar essa dança é um prazer (e os dois estão em quase todas as cenas). As figuras coadjuvantes não ajudam nem atrapalham. Por isso, a absoluta falta de química entre Jude Law e Cleopatra Coleman, seu par romântico, não afeta a série.
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O enredo cresce com intensidade e tem um desfecho que faz a escuridão prevalecer. É quando as relações interpessoais são reorganizadas, mas o espírito do roteiro é mantido (vou evitar o spoiler).

Fonte original: abrir