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Adaptação climática demanda planejamento e análise de dados, alertam especialistas

23/10/2025 15:07 O Globo - Rio/Política RJ

A busca por soluções para adaptar desde os campos até as cidades às transformações provocadas pelas mudanças climáticas foi tema de uma das mesas do seminário promovido pelos jornais O GLOBO e Valor Econômico e a rádio CBN nesta quinta-feira, no Rio. O debate destacou o papel do setor de seguradoras, da sociedade civil e do governo federal no fortalecimento da estrutura de adaptação dos municípios, além da necessidade das prefeituras se organizarem para pleitear pautas locais na COP30, que ocorre entre os dias 10 e 21 de novembro em Belém (PA).
O encontro faz parte da quinta e última rodada do projeto COP30 Amazônia, que visa reunir representantes do governo, da iniciativa privada e da sociedade civil. A conferência global tem como um dos seis eixos principais a discussão sobre a resiliência dos municípios diante das transformações no planeta. O tópico é o principal mote da oitava carta do presidente da COP30, André Corrêa do Lago, divulgada nesta manhã.
O painel reuniu Claudia Prates, diretora de Sustentabilidade da CNseg; Inamara Mélo, diretora do Departamento de Políticas de Adaptação e Resiliência da Secretaria Nacional de Mudança do Clima do Ministério do Meio Ambiente; e Valéria Braga, representante do International Council for Local Environmental Initiatives (Iclei) no Rio. A mediação foi de Daniela Chiaretti, repórter especial do Valor Econômico.
Como explica Mélo, uma das prioridades do governo federal é a implementação de um plano de adaptação para que as cidades consigam proteger os cidadãos.
— O Plano Nacional de Adaptação é o principal instrumento nacional para reduzir os impactos da mudança climática. É uma agenda extensa. O papel da pasta ambiental é coordenar essa agenda com os demais ministérios, o que é muito relevante para um país com o perfil do Brasil, onde há deficiência de políticas públicas, que precisam ser concretizadas.
Segundo estudo do Banco Mundial, os extremos climáticos têm causado, no Brasil, perdas anuais estimadas em R$ 13 bilhões. O relatório diz ainda que esses eventos podem levar à pobreza extrema até 3 milhões de brasileiros antes de 2030. O cenário evidencia a urgência de se ampliar a resiliência climática, do campo à cidade.
Prates destaca que o Brasil está “muito aquém” no desenvolvimento do mercado segurador, o que traz desafios para a implementação de ações que previnam desastres, e não apenas respondam à destruição. Estima-se que o país perde R$ 500 bilhões pelo extremo no clima em uma década:
— A natureza está respondendo os efeitos das mudanças climáticas. O Sul Global é o mais afetado. É um desafio ter ações de adaptação e mitigação ao mesmo tempo. Temos que fortalecer a base de dados no Brasil que mostram os municípios que estão afetados. Quando falamos em resiliência dizemos sobre respostas, mas precisamos olhar antes para os riscos que podemos enfrentar. Precisamos de vários investimentos que os municípios devem olhar, e ser avaliados também.
Braga relembra a tragédia ocorrida no Morro do Bumba, em Niterói, há 15 anos. Após o desastre, a cidade implementou a primeira secretaria do clima do Brasil, o que passou a inspirar outros municípios.
— Há alguns anos, quando se pensava em mudança do clima se lembrava do urso polar. Não mais. A partir da tragédia em Niterói, acordamos para uma série de medidas. Uma delas foi o apoio da defesa civil para fazer a prevenção. O que é melhor e mais barato. A Defesa Civil de Niterói virou referência nacional. E o planejamento estratégico da cidade na área de contenção de encostas foi muito priorizado. Isso começou com um plano de risco, que tornou a cidade mais segura. Além disso, a cidade é 57% protegida. Precisamos estar atentos para o reflorestamento, drenagem, saneamento. Então fundou-se um grupo executivo para estudos e ação da mudança do clima. Foi muito interessante porque o conhecimento ficou ali.
Liderança das cidades
Segundo Prates, a educação ambiental para desastres é essencial e deve começar nas escolas. A diretora de Sustentabilidade da CNseg ressaltou que a sociedade deve cobrar que ações sejam feitas para proteger o meio ambiente e destacou o papel da contratação de seguros na segurança da população e econômica dos governos.
— A seguradora deve atuar como um auxiliador para trabalhar junto com governos para aumentar a resiliência. O seguro não é um curso, é uma proteção. Para o Brasil aumentar sua resiliência ele precisa de um seguro. O ideal é trabalhar em consórcio.
A importância da disponibilização de dados também foi ressaltada por Braga como uma maneira de auxiliar os municípios.
— O Iclei auxilia os municípios a partir da análise dos dados. Ai, em seguida, vem as soluções. Sempre é preciso pensar que as soluções devem ser integradas e envolver a sociedade civil. Os municípios precisam pensar no plantio de árvores para ajudar no resfriamento do planeta, por exemplo. São as cidades que conhecem os territórios. Eles liderarem essa transformação é muito importante. Os municípios não têm poder de decisão na

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