
Jovens indígenas trabalham para reflorestar aldeia no Pantanal
As queimadas que atingiram a Terra Indígena Taunay-Ipegue, em Aquidauana, no Pantanal de Mato Grosso do Sul, inspiraram a criação do projeto Semeador do Bem Viver. Segundo Juvelino Amado Albuquerque, um dos líderes da iniciativa, a ação tem como foco regenerar e reflorestar áreas do território que foram queimadas e desmatadas. Agente ambiental e acadêmico de Agroecologia Intercultural pela UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul), Juvelino está em São Paulo, onde concorre como finalista ao Prêmio Chico Vive, na categoria Bioma Pantanal. Os vencedores serão anunciados às 18h desta quinta-feira (23). O estudante conta que o projeto nasceu da preocupação da coordenadora Simone Eloy Terena, que mobilizou 30 integrantes da comunidade, os chamados “semeadores”, para reconstruir as áreas afetadas e recuperar rios e nascentes. Com apoio da UFF (Universidade Federal Fluminense) e do Ministério dos Povos Indígenas, o projeto desenvolveu o primeiro viveiro de mudas da comunidade. O espaço se tornou referência local e já abasteceu o plantio de espécies nativas, como ipê-branco, ipê-amarelo, cumbaru, cedro e jacarandá, em escolas, margens de córregos e aldeias. Desafios - As ações também envolvem atividades de educação ambiental com crianças e jovens indígenas. “Queremos que as novas gerações entendam a importância das árvores, do cuidado com a terra e de como a natureza depende da gente”, conta Juvelino. Entre os desafios, ele destaca a falta de irrigação automática no viveiro, o que obriga os semeadores a transportar água manualmente por longas distâncias, duas vezes ao dia. A seca prolongada tem exigido ainda mais esforço do grupo. Ancestralidade - Os saberes ancestrais também têm espaço no projeto. De acordo com Juvelino, os mais velhos da comunidade compartilham orientações sobre as fases da lua e do ano ideais para o plantio, além de técnicas tradicionais de coleta de sementes. “Os antigos dizem que a natureza é nossa vida e nossa casa, e que precisamos cuidar dela para sermos bem recebidos por ela”, relata Juvelino. A formação universitária em agroecologia também tem contribuído para o fortalecimento da iniciativa. “Na faculdade aprendo a parte teórica, sobre o caule e a raiz, e no campo coloco em prática junto com o conhecimento dos nossos ancestrais. Eles são nossos primeiros professores”, afirma. Prêmio - Estar entre os finalistas do Prêmio Chico Vive é motivo de orgulho para o grupo. “É uma alegria imensa. Esse reconhecimento mostra que o Pantanal precisa de ajuda e que há muita gente em Mato Grosso do Sul trabalhando para reconstruir a natureza. O projeto é coletivo. Sozinho, ninguém vai a lugar nenhum”, diz Juvelino. Além do Semeador do Bem Viver, outro projeto do Pantanal, “Meu Quintal é Maior que o Mundo”, de Ladário, também disputa o prêmio na mesma categoria.
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