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Um morto e mais de 100 feridos durante protesto em Lima contra políticos e onda de violência

16/10/2025 07:06 O Globo - Rio/Política RJ

Um homem morreu e ao menos 100 pessoas ficaram feridas nos confrontos que eclodiram na noite de quarta-feira em Lima, durante um protesto liderado por jovens contra o recém-instalado governo e o Congresso, segundo um novo balanço das autoridades.
Uma multidão marchou até a sede do Legislativo, no centro da capital peruana, em repúdio à classe política e à onda de extorsões e assassinatos ligados ao crime organizado.
Protesto em frente à sede do Legislativo peruano terminou em confronto entre policiais e manifestantes
Hugo CUROTTO / AFP
O protesto acabou em choques entre manifestantes e forças de segurança. “Lamento o falecimento do cidadão Eduardo Ruiz Sanz, de 32 anos”, escreveu o presidente José Jerí na rede X.
A crise de insegurança precipitou a destituição da presidenta Dina Boluarte em um julgamento político relâmpago no dia 10 de outubro.
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O direitista José Jerí, de 38 anos e até então chefe do Parlamento, assumiu o comando de forma transitória até julho de 2026, quando deverá entregar o poder ao eleito nas eleições gerais do próximo ano.
Antes da inesperada mudança de presidente, a Geração Z — um coletivo de jovens de 18 a 30 anos — e sindicatos de artistas e do transporte público haviam convocado o protesto desta quarta-feira.
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O Peru passou por sete governos na última década, incluindo o que assumiu após a saída da impopular Boluarte.
Ao cair da noite, manifestantes tentaram derrubar as barreiras de segurança instaladas ao redor do Congresso.
As forças de segurança dispersaram os grupos com gás lacrimogêneo e avançaram com escudos e cassetetes contra aqueles que lançavam pedras e fogos de artifício.
Ao menos “55 policiais” ficaram feridos, informou Jerí em sua conta na rede X. Ele também relatou “20 civis” feridos, citando dados da Defensoria do Povo.
'Descontentamento geral'
Jovens da Geração Z marcaram o protesto, que se converteu em ato contra o presidente interino do Peru
CONNIE FRANCE / AFP
As manifestações contra a classe política e a insegurança vêm se intensificando há um mês em Lima. No entanto, esta foi a mais violenta até agora.
- Acho que há um descontentamento geral porque nada foi feito. Não existe um plano de segurança por parte do Estado - disse a trabalhadora autônoma Amanda Meza, de 49 anos, enquanto marchava em direção à sede do Congresso.
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- A insegurança cidadã, a extorsão, o sicariato (...) cresceram enormemente no Peru - acrescentou a mulher, em meio aos gritos da multidão: “Nem mais uma morte”.
Durante o confronto, um dos agentes foi atingido por uma pedrada e ficou com o rosto ensanguentado, segundo registrou uma equipe da AFP.
Com os confrontos desta quinta-feira, já são pelo menos 149 feridos durante os últimos protestos, incluindo policiais, manifestantes e jornalistas, de acordo com autoridades e fontes independentes.
O presidente Jerí denunciou que a “manifestação pacífica” foi infiltrada por delinquentes “para gerar caos”.
- Todo o peso da lei sobre eles - advertiu.
Símbolo do movimento jovem, bandeira com imagem do mangá 'One Piece' é levada para confronto com policiais durante protesto contra o presidente interino do Peru, José Jeri, em Lima
Hugo CUROTTO / AFP
Nesta quarta-feira, também se mobilizaram organizações feministas contra o novo presidente, devido a uma denúncia por um suposto caso de violação sexual em dezembro de 2024, quando Jerí ainda era deputado.
A denúncia foi arquivada em agosto pelo Ministério Público por falta de provas. Mesmo assim, ativistas estenderam uma grande bandeira peruana com a frase em letras pretas: “Presidente do Peru José Jerí estuprador”.
A Geração Z, um coletivo de jovens de 18 a 30 anos, lidera desde então o movimento de protesto, que em suas marchas exibe a bandeira One Piece, o novo símbolo global da juventude contra o mau governo onde quer que ele exista.

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