Logo
Tudo que você precisa saber sobre as eleições em um só lugar

Trump e Xi se reúnem na Coreia do Sul com uma trégua comercial em jogo, mas saem sem dar declarações

30/10/2025 04:16 O Globo - Rio/Política RJ

O presidente dos EUA, Donald Trump, e o líder chinês, Xi Jinping, se reuniram nesta quinta-feira, na primeira reunião frente a frente dos dois em seis anos. O encontro buscava uma trégua que detenha a guerra comercial entre os dois países. Trump, que pouco antes anunciou a retomada dos testes nucleares dos Estados Unidos, elogiou um sorridente Xi como um “negociador muito duro” enquanto apertavam as mãos em Busan, Coreia do Sul.
Xi, por sua vez, disse ao magnata que Estados Unidos e China “devem ser parceiros e amigos”, e que podem “assumir conjuntamente” sua “responsabilidade como países importantes e trabalhar juntos para alcançar coisas maiores e concretas”.
Apesar do clima afável e cheio de declarações espontâneas, os dois líderes encerraram o encontro sem fazer qualquer declaração. Mas espera-se que tenham avançado para dar um fim à escalada na disputa comercial, que por meses abalou os mercados e atrapalhou cadeias de suprimentos.
Trump e Xi ficaram reunidos por menos de duas horas. Logo após o fim do encontro, o presidente norte-americano deixou a Coreia do Sul.
A portas fechadas
Sentados frente a frente quando começou a reunião bilateral, a portas fechadas, cada líder estava acompanhado por altos funcionários, entre eles o secretário de Estado, Marco Rubio, e seu homólogo chinês, Wang Yi.
Em um movimento inesperado, Trump anunciou menos de uma hora antes do encontro, em sua plataforma Truth Social, que instruiu “o Departamento de Guerra a começar a testar” armas nucleares “em igualdade de condições”.
O presidente acrescentou que, em termos de arsenais nucleares, a China ocupa um “distante terceiro lugar” atrás dos Estados Unidos e da Rússia, “mas que em cinco anos estará no mesmo nível”.
Seu par russo, Vladimir Putin, havia anunciado na véspera que Moscou testou com sucesso um drone submarino com capacidade nuclear e propulsão nuclear, desafiando os alertas de Washington.
Segundo o Boletim de Cientistas Atômicos, o último teste nuclear da China ocorreu em 1996 e o dos Estados Unidos em 1992.
Ambos os líderes chegaram à Coreia do Sul para a cúpula do Fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (APEC), que acontece até sábado na cidade de Gyeongju.
Trump afirmou, na quarta-feira, a caminho do país asiático, que na reunião “muitos problemas serão resolvidos”.
O Ministério das Relações Exteriores da China foi mais cauteloso e disse que Xi e o republicano manterão “uma comunicação profunda” sobre “temas estratégicos”.
Trump indicou que o eventual acordo bilateral incluiria a redução de 20% nos tarifas sobre produtos chineses relacionados ao fentanil, um poderoso opioide que causou a morte de dezenas de milhares de norte-americanos.
Outra questão importante são as restrições às exportações de terras-raras anunciadas por Pequim este mês, o que levou Trump a colocar em dúvida a cúpula com Xi.
Míriam Leitão: Terras-raras e tarifas: a cartada estratégica da China contra os EUA
O gigante asiático tem o monopólio virtual desses materiais, essenciais para indústrias como a tecnológica ou a de defesa.
'Próximos passos'
A reunião Trump-Xi ofuscou por algumas horas a cúpula da APEC, da qual também participarão os líderes de Japão, Austrália e Canadá. Pela América Latina, o único presidente presente será o chileno Gabriel Boric.
O mandatário de esquerda tem para esta quinta-feira uma agenda com empresários e o ex-secretário-geral da ONU Ban Ki Moon na capital Seul, distante dos holofotes das negociações entre Washington e Pequim.
Em meio ao seu cabo de guerra com os Estados Unidos, o México está representado, por sua vez, pelo ministro do Comércio, Marcelo Ebrard.
O chefe da pasta teve, na véspera, um encontro com o representante comercial norte-americano, Jamieson Greer, no qual acertaram avançar nos “próximos passos” de suas intensas negociações para alcançar um acordo comercial antes de 2026.
Nesse ano, começará a revisão do T-MEC, o tratado de livre comércio compartilhado por México, Estados Unidos e Canadá.

Fonte original: abrir