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Trajes típicos, protestos e Trump: os bastidores da visita de Lula à Malásia

25/10/2025 17:41 O Globo - Rio/Política RJ

Vinte chefes de Estado e governo confirmaram presença na 47ª reunião de cúpula da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean), que começa neste domingo em Kuala Lumpur, capital da Malásia. Entre eles, os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump, que, salvo um imprevisto de última hora, terão seu primeiro encontro à margem da cúpula no fim da tarde no horário local (manhã de domingo pelo horário de Brasília).
De acordo com os organizadores da cúpula, 2.854 profissionais de mídia se credenciaram para cobrir o evento, de 290 veículos e 34 países. No centro de imprensa montado para a reunião, a participação de Trump é um tema dominante nas rodas de conversa de jornalistas, mas poucos sabiam de seu possível encontro com Lula. O tarifaço é uma preocupação comum a todos. O sudeste asiático foi uma das regiões mais atingidas pela guerra comercial de Trump.
Entre os mais afetados estão justamente alguns dos membros da Asean, como Camboja (49%), Laos (48%) e Vietnã (46%). Nem países que abrigam bases militares dos EUA escaparam, Tailândia (36%) e Filipinas (17%). Para a Malásia, sede da cúpula da Asean, a vinda de Trump é também a chance de fechar um acordo com os EUA, depois que a tarifa inicial de 24% sobre o país foi reduzida para 19%.
Por sorte, havia também um lado mais ameno nos bate-papos do café no centro de imprensa. A questão era: como será o traje na costumeira “foto de família” do evento. Tradicionalmente, as cúpulas da Asean terminam com a imagem dos líderes vestidos com o “batik”, a camisa multicolorida típica de países da região.
Em sua visita à Indonésia, última escala antes da Malásia, Lula usou uma versão vermelha com bordados em tons de amarelo. A imprensa malaia especula como seria o caimento da indumentária em Trump, caso ele tope adotar o figurino. Barack Obama ganhou elogios ao usar o batik nas três cúpulas da Asean em que esteve, o que talvez sirva de motivo para Trump rejeitar o look.
Encontro de Lula com Trump
Para a comitiva brasileira, se o figurino não causa preocupação há um indisfarçável clima de expectativa em relação ao que pode acontecer no primeiro encontro para valer de Lula com Trump. Mesmo com tudo preparado para que ele aconteça, há uma resistência no lado brasileiro em confirmar que eles estarão cara a cara em Kuala Lumpur.
A cautela se explica: do outro lado está Trump, para quem ser imprevisível é uma estratégia. Suspenses à parte, salvo imprevistos, a expectativa é de que os dois presidentes se encontrem às 17h de Kuala Lumpur (6h pelo horário de Brasília) neste domingo.
Os últimos detalhes ainda estão sendo negociados. Entre eles, o local do encontro (provavelmente a sede da cúpula, território considerado “neutro”), quem estará presente além de Lula e Trump e se a imprensa terá algum acesso à reunião.
Embora Trump seja um terror para os protocolos de países ao redor do mundo após causar constrangimento em encontros com outros presidentes — o mais célebre deles com o ucraniano Volodymyr Zelensky — para o Brasil é importante que as imagens do encontro sejam divulgadas, disse uma fonte próxima a Lula.
Do ponto de vista do governo brasileiro, o maior objetivo no encontro com Trump é normalizar as relações bilaterais — afastando de vez o tema político ligado ao clã de Jair Bolsonaro que teria motivado o tarifaço — para concentrar a negociação em temas legítimos de dois grandes países soberanos, do comércio à geopolítica.
Na comitiva brasileira, ainda que a imprevisibilidade de Trump seja um risco inegável, a ideia é que Lula tem experiência e habilidade suficientes para lidar com possíveis “armadilhas”.
Alívio no tarifaço
Para quem tem contato direto com os danos causados pelo tarifaço, a expectativa é muito mais que um exercício de diplomacia. Dos maiores aos menores exportadores, um alívio no tarifaço é aguardado com ansiedade e medido em cifras.
Como disse ao GLOBO uma fonte ligada à Embraer que acompanha a visita do presidente à Malásia, ainda que a empresa tenha ficado fora da sobretaxa adicional de 40% imposta por Trump, os 10% restantes “significam um prejuízo de milhões”.
Números proporcionalmente menores também causam problemas. Ricardo João Santin, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), conta que o tarifaço atingiu em cheio exportações como a da tilápia, que tinha nos EUA 83% de suas vendas ao exterior, algo em torno de US$ 50 milhões por ano.
Ainda que seja um número pequeno quando se sabe que as exportações de proteína animal do Brasil chegam a US$ 13 bilhões por ano, vá explicar isso aos produtores que estão no prejuízo, diz ele.
Acompanhando a comitiva presidencial no luxuso hotel da comitiva de Lula em Kuala Lumpur, Wesley Batista disse ao GLOBO que está confiante num desfecho positivo para o impasse do tarifaço, agora que Lula e Trump finalmente estão em vias de se encontrar pessoalmente.
Para um dos donos da JBS, a maior processadora de proteína animal do mundo, o importante é que “o gelo já foi quebrado”, e o

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