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Sem sobressaltos e com foco nas bets, Senado aprova isenção do IR em clima de calmaria nos bastidores

05/11/2025 21:57 O Globo - Rio/Política RJ

A ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil mensais passou pelo Senado nesta quarta-feira sem tensão nem correria. A proposta foi aprovada em votação simbólica, sem discursos inflamados ou divergências de última hora. No plenário, o clima era de consenso e de missão cumprida — o oposto do que se viu na Câmara, onde o projeto exigiu articulação de ministros e o envolvimento direto de Arthur Lira (PP-AL), relator do texto, para evitar reveses.
Enquanto o projeto na Câmara mobilizou o Planalto, provocou quebra de acordos e levou Lira a descer à planície para conter tentativas de alteração do texto, no Senado o assunto já chegou resolvido. O relator Renan Calheiros (MDB-AL) manteve o texto aprovado pelos deputados e rejeitou todas as emendas apresentadas, de modo a garantir que a nova faixa de isenção entre em vigor já em 2026. Nos bastidores, a leitura era de que mexer na proposta significaria perder o prazo e atrasar a sanção — algo que nem governo nem Congresso queriam arriscar.
A votação tranquila refletiu também o ambiente político na Casa. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), havia anunciado o projeto como o primeiro item da pauta e ao chegar ao Congresso, antes do início da sessão, o tom era de que o tema já estava encaminhado. O silêncio não era desdém, mas sinal de que o IR já estava garantido e de que as atenções se voltavam para o próximo embate: o projeto de taxação das bets, fintechs e bancos, relatado por Eduardo Braga (MDB-AM), que deve ser votado na próxima semana.
Alcolumbre, inclusive, havia se reunido pouco antes da sessão com Braga e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para tratar justamente do texto que prevê compensação fiscal à desoneração do IR. O projeto de Renan, relatado por Braga, estima arrecadação adicional de R$ 18 bilhões em três anos e é visto pelo governo como peça-chave para reforçar o discurso de responsabilidade fiscal.
Durante a votação no plenário, a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, compareceu para acompanhar a sessão ao lado de Alcolumbre e agradecer Renan Calheiros. Sentada na mesa diretora, ao lado de Omar Aziz (PSD-AM), a ministra manteve um clima descontraído, conversando e rindo com os senadores. Ela chegou a classificar a votação como tranquila e disse que estava no plenário mais para agradecer do que articular.
O secretário executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, também acompanhou a votação no plenário. Tanto ele quanto a ministra Gleisi conversaram pessoalmente com o líder do PL no Senado, Carlos Portinho (PL-RJ), e ajudaram a convencer o parlamentar da oposição a retirar um destaque que tratava sobre a tributação de profissionais liberais e deixar essa discussão para o projeto das bets.
A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) também aprovou, no mesmo dia, requerimento de urgência para levar o texto diretamente ao plenário. Sem obstruções da oposição, o governo conseguiu concluir a tramitação no Senado em poucas horas, garantindo uma vitória sem sobressaltos.
A aprovação do IR é considerada uma das prioridades da agenda econômica do Planalto neste fim de ano. No entorno de Haddad, o diagnóstico é que o desafio real virá agora, com o projeto das bets. A matéria deve unir interesses divergentes — de bancos, casas de apostas e estados — e promete discussões bem mais intensas que as vistas nesta quarta-feira.
A ministra também destacou a importância da proposta de isenção de imposto de renda, em votação no Senado. Segundo ela, trata-se de uma das medidas centrais da política econômica do governo Lula.
— Esse projeto é um dos mais importantes da gestão do presidente Lula, que é a isenção de até R$ 5 mil, mas, sobretudo, fazer com que o andar de cima pague tributo. Porque, pela primeira vez, nós vamos colocar tributos para dividendos — disse.

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