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BC mantém Selic em 15% e diz que manutenção por período 'bastante prolongado' é suficiente para alcançar meta de inflação

05/11/2025 21:35 O Globo - Rio/Política RJ

Apesar dos apelos do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, o Banco Central (BC) seguiu o plano traçado em setembro e manteve a taxa Selic em 15% ao ano pela terceira vez consecutiva no Comitê de Política Monetária (Copom) desta quarta-feira. O nível, que foi alcançado em junho, é o mais alto desde julho de 2006, no primeiro mandato de Lula.

No comunicado, o BC não alterou a sinalização de que os juros devem ser mantidos neste patamar por "período bastante prolongado", mas afirmou pela primeira vez que considera que o nível atual é suficiente para alcançar a meta de inflação de 3,0%.
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Até o encontro anterior, em setembro, o Copom dizia que estava avaliando se o patamar de 15% era suficiente para atingir a convergência inflacionária. Ou seja, a autoridade monetária está ganhando mais confiança na estratégia atual.

"O cenário atual, marcado por elevada incerteza, exige cautela na condução da política monetária. O Comitê avalia que a estratégia de manutenção do nível corrente da taxa de juros por período bastante prolongado é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta. O Comitê enfatiza que seguirá vigilante, que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e que não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso julgue apropriado", disse o BC nesta quarta-feira.

No comunicado, o BC também atualizou suas projeções oficiais para a inflação. No prazo em que o colegiado trabalha para colocar a inflação na meta, que agora é o segundo trimestre de 2027, a estimativa é de 3,3%. No Copom anterior, o foco era o primeiro trimestre de 2027 e a projeção era de 3,4%.
Para o fim de 2025, a estimativa caiu de 4,8% para 4,6%, ainda acima do teto da meta, que é de 4,50%. Para o término de 2026, a projeção foi mantida em 3,6%.
Da mesma forma, no Boletim Focus, que reúne as expectativas do mercado, as projeções também caíram desde o último Copom, mas continuam acima da meta em diferentes prazos. Para este ano, a estimativa saiu de 4,83% no último Copom e se aproxima do teto da meta de 4,50%, a 4,56%. Para 2026, a projeção caiu de 4,30% para 4,20%, enquanto, para 2027, a queda foi de 3,90% para 3,82%.

Na avaliação do BC, o cenário segue sendo marcado por expectativas desancoradas, projeções de inflação elevadas, resiliência na atividade econômica e pressões no mercado de trabalho.
"Para assegurar a convergência da inflação à meta em ambiente de expectativas desancoradas, exige-se uma política monetária em patamar significativamente contracionista por período bastante prolongado", destacou o colegiado.
Era unânime no mercado financeiro a aposta de manutenção dos juros em 15% nesta quarta, segundo pesquisa do Valor Pro com 120 instituições.
"O Comitê seguirá vigilante, avaliando se a manutenção do nível corrente da taxa de juros por período bastante prolongado é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta. O Comitê enfatiza que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e que não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso julgue apropriado", disse o Copom, em setembro.
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A postura dura do BC, mesmo com alguns sinais de moderação da inflação, tem aumentado as cobranças de integrantes do governo por uma redução de juros, inclusive Lula, responsável pela escolha de Gabriel Galípolo para presidência da autoridade monetária.
O chefe do Executivo disse recentemente que o BC “vai precisar começar a baixar os juros”. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, foi na mesma linha em evento nesta terça-feira em São Paulo.
— Eles vão ter que cair. Por mais pressão que os bancos façam sobre o Banco Central para não baixar juros, elas vão ter que cair. Não tem como sustentar 15% de juros reais com a inflação batendo 4,5% — disse. — Eu não sou diretor do Banco Central. Se eu fosse, votava pela queda.
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O Copom, por sua vez, tem repetido o mantra que é necessário “perseverança, firmeza e serenidade” para alcançar a convergência da inflação para a meta de 3,0%. Atualmente, o IPCA - índice oficial de inflação - está em 5,17% em 12 meses. A evolução do cenário econômico desde setembro foi positiva para a trajetória inflacionária, mas ainda permanecem pontos de atenção relevantes.
Os últimos dados de inflação, como o IPCA-15 de setembro (0,48%), surpreenderam favoravelmente, inclusive em grupos de preços mais resistentes. Mas o índice acumulado em 12 meses segue fora da margem de tolerância da meta, que vai até 4,50%, e a inflação de serviços, por exemplo, permanece em nível bastante alto.
Considerada fundamental para o controle da inflação, a desaceleração da atividade deu sinais de continuidade de acordo com os dados recentes. No mercado de trabalho,

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