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Davide Ancelotti nega desconforto com falas de brasileiros sobre técnicos estrangeiros no país: 'Coisa muito antiga'

06/11/2025 01:22 O Globo - Rio/Política RJ

Filho de Carlo Ancelotti, técnico da seleção brasileira, Davide, que é treinador do Botafogo, comentou as polêmicas falas de Oswaldo de Oliveira e Emerson Leão com críticas sobre a presença de treinadores estrangeiros no Brasil. O italiano negou ter sentido qualquer desconforto e afirmou que essa discussão é "uma coisa muito antiga".
— Já tenho outras coisas (para se sentir pressionado). Tenho uma relação muito boa com treinadores brasileiros. A minha acolhida foi muito boa. Não tenho nenhum tipo de problema com os treinadores daqui. Acho que isso é uma discussão um pouco antiga. Em todas as ligas do mundo temos treinadores do país em questão e de outros. Isso é bonito. Se você olhar a Premier League, ela já não é o futebol inglês dos anos 90. Como a sociedade toda, há muita integração. Então acho que, em 2025, falar sobre treinadores brasileiros e de fora é uma coisa muito antiga — afirmou Davide.
Entenda o caso
Carlo Ancelotti prestigiou o 2º Fórum Brasileiro dos Treinadores de Futebol, realizado na última terça-feira, na sede da CBF. O comandante da seleção brasileira foi homenageado pela organização com uma placa. Mas, em cima do palco ao lado de técnicos em atividade e já aposentados, protagonizou um episódio que repercutiu negativamente. Na sua frente, Emerson Leão fez um desabafo contra o que chamou de "invasão" de profissionais estrangeiros no país.
Campeão do mundo em 1970 pela seleção como jogador e brasileiro como técnico por Sport (1987) e Santos (2002), Leão disse que não gosta de treinadores estrangeiros "no meu país". Em seguida, ele faz um mea culpa e afirma que os próprios técnicos nacionais são responsáveis por este cenário.
— Eu sempre disse que não gosto de treinadores estrangeiros no meu país, e isso serve para o Mancini, que é o presidente (da Federação Brasileira de Treinadores). Estou falando aqui na frente da nossa casa. Antes eu falava que eu não suportava, não suportaria treinadores (estrangeiros). Você sabe que eu já falei isso, né, Zé (Mário, ex-jogador e ex-treinador presente no evento)? Você sabe que eu já falei isso e não minto. Não mudo a minha opinião. Mas tenho que ser inteligente o suficiente pra dizer que isso tudo tem um culpado. Nós. Nós, treinadores, somos culpados da invasão de outros treinadores que não têm nada a ver com isso. Não estamos falando de nome, não estamos falando de nacionalidade. Estamos falando de erro nosso — desabafou Leão.
Também chamado a discursar no palco, Oswaldo de Oliveira retomou o tema levantado por Leão. Embora não tenha se preocupado em soar preconceituoso, o técnico campeão brasileiro (1999) e do mundo (2000) com o Corinthians procurou ser mais gentil com Ancelotti e lembrou de um episódio em que dividiu um ônibus com ele.
— Como o Leão falou, eu também sou favorável à presença dos treinadores brasileiros tanto no clubes quanto na seleção. Mas confesso a vocês que "não tem jeito", se tivesse que ser, torci para ser esse senhor. "Não tem jeito". Então que seja o Carlo Ancelotti. Pelo jogador que foi e pelo treinador que é. Ganhador de títulos e um cara que trabalhou com todos os jogadores brasileiros na Europa. E tem um fato, Carlo, que aconteceu em 2007, no Japão. Milan contra Boca Juniors na final do Mundial. Eu fui com o meu auxiliar assistir a este jogo no Japão. Sentei para esperar o ônibus que ia nos levar ao estádio, onde fui campeão três vezes, e daqui a pouco entrou o pessoal da delegação. Carlo Ancelotti sentou ao meu lado. Ele não lembra disso, claro. Não falamos nada, mas foi uma vez em que estivemos juntos no Japão. E vi Kaká, Cafú, aquela turma boa para caramba...

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