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Brasil pode antecipar para 2040 a neutralidade de emissões de CO2

06/11/2025 02:55 Imirante - Política

<p>RIO DE JANEIRO - Dois cenários, que envolvem adaptação de diferentes setores e sua contribuição para a redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE), poderão levar o Brasil a antecipar em uma década a meta de neutralidade das emissões, prevista para ocorrer em 2050. O estudo <i>Brazil Net-Zero by 2040</i>, liderado pelo Instituto Amazônia 4.0., foi divulgado nesta quarta-feira (5) na Academia Brasileira de Ciências (ABC), no Rio de Janeiro. A pesquisa utilizou na sua concepção o modelo de análise integrada Brazilian Land Use and Energy System Model, que simula diferentes cenários de transição.</p><p>O estudo tem como autores os especialistas Carlos Afonso Nobre, do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (IEA/USP), Roberto Shaeffer, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Mercedes Bustamante, da Universidade de Brasília (UnB) e vice-presidente da ABC para Minas Gerais e Região Centro-Oeste, Eduardo Assad (ex-Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, Embrapa), e Nathália Nascimento (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP).</p><p>Os dois cenários propostos são o setor Agricultura, Florestas e Outros Usos da Terra (AFOLU-2040), com foco em soluções baseadas no uso da terra, como redução do desmatamento e restauração florestal; e o Energia-2040, voltado à transformação do setor energético, com expansão de energias renováveis e biocombustíveis, redução do uso de petróleo e adoção de tecnologias de captura e armazenamento de carbono.</p><h2>Dois caminhos para emissões neutras até 2040</h2><p>Em entrevista à <i>Agência Brasil</i>, a professora Mercedes Bustamante reforçou que o trabalho seguiu dois caminhos que possibilitam ao Brasil antecipar a meta de ter emissões neutras até 2040. Dessas duas possibilidades, uma envolve o setor de uso da terra no país, em que são registradas as principais emissões e poderia ser mais fácil realizar esse processo. A outra possibilidade seria o setor de energia, que implicaria transição energética mais profunda, com a mudança da matriz fóssil brasileira para uma matriz ainda mais renovável.</p><p>Mercedes Bustamante afirmou que, para o Brasil, há uma vantagem no setor que envolve o uso da terra porque, basicamente, são ações que o país já vem implementando, como a redução do desmatamento, que precisaria avançar mais rapidamente.</p><p>“Na parte do reflorestamento, seriam metas mais ambiciosas de restauração e, na parte da agricultura, sua transformação em um modelo mais próximo da agricultura regenerativa. Esse ganho que nós teríamos com sequestro de carbono pelas atividades de uso da terra nos permitiria fazer uma transição energética mais gradual.</p><p>Para ela, essa seria a vantagem desse cenário, porque são estratégias que o Brasil já utiliza e tem uma série de cobenefícios. "Porque, se você trabalha na solução do desmatamento, restauração florestal em larga escala, isso também implica a conservação da biodiversidade e outros serviços ecossistêmicos. E, ao mesmo tempo, nos permite fazer a adequação que vai ser necessária para a transição energética”, disse Mercedes.</p><h2>Transição energética</h2><p>A professora destacou, por outro lado, que não há como fugir da transição energética.</p><p>“Ela vai ter que acontecer. No cenário de uso da terra, a gente pode fazer de modo mais gradual e ir ajustando todo o sistema que ainda depende de combustíveis fósseis para essa matriz energética”.</p><p>No cenário energia, acrescentou, isso implicaria mudança mais drástica da matriz energética brasileira. “Ou seja, você abrir mão dos combustíveis fósseis e fazer a conversão para as energias renováveis de modo mais rápido e mais distribuído”.</p><p>Os dois cenários demandarão financiamento climático e políticas públicas consistentes para que se coloquem incentivos nas atividades corretas, lembrou a vice-presidente da ABC e coautora do estudo.</p><p>“Eu sempre digo: Não basta fazer o que precisa ser feito, mas tem que deixar de fazer o que não deve ser feito”.</p><p>Mercedes Bustamante afirmou que, provavelmente, o setor do AFOLU vai encontrar menos dificuldades porque se sabe que a transformação do agronegócio brasileiro abre outros mercados para o Brasil. “Portanto, é importante fazer essa ponderação. Eu acho que a mensagem principal é essa: Nós vamos precisar fazer ajustes e quanto mais cedo a gente começar a fazer esses ajustes, mais fácil e menos custoso será. Quanto mais a gente postergar essas decisões, que são de transformação grande da matriz econômica brasileira, mais caro e mais difícil vai ser. Eu acho que é uma mensagem de integridade climática e, ao mesmo tempo, já deixar o Brasil como ponta de lança dessa transformação necessária, servindo de modelo até para outros países

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