Secretário-geral da ONU, António Guterres, alerta sobre 'terrível escalada' dos confrontos no Sudão
O secretário-geral da ONU, António Guterres, alertou nesta segunda-feira para uma “terrível escalada” dos combates na cidade sudanesa de El Fasher, assolada pela fome, onde os paramilitares afirmam ter assumido o controle total. Desde abril de 2023, o Sudão é palco de uma guerra pelo poder entre o general Abdel Fatah al Burhan, comandante do exército regular e líder de fato do país desde o golpe de Estado de 2021, e o general Mohamed Daglo, que lidera o grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (FAR).
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O conflito causou dezenas de milhares de mortes e provocou o que a ONU descreve como “a pior crise humanitária do mundo”.
As FAR anunciaram no domingo que haviam tomado o controle total de El Fasher, a última grande cidade da vasta região ocidental de Darfur que ainda não estava sob seu domínio — o que pode representar um ponto de virada na implacável guerra civil.
— Isso representa uma terrível escalada do conflito — afirmou Guterres em resposta a uma pergunta da AFP. — O nível de sofrimento que estamos testemunhando no Sudão é insuportável — afirmou.
Se for confirmada a tomada de El Fasher, sitiada há 18 meses, as FAR teriam o controle de todo o Darfur, onde instauraram uma administração paralela, desafiando o poder do general Burhan, estabelecido em Porto Sudão (leste).
Esta imagem, cortesia da Maxar Technologies, capturada em 16 de abril de 2025, mostra fogo e fumo no campo de Zamzam, próximo à cidade sitiada de El-Fasher, em Darfur
AFP / IMAGEM DE SATÉLITE ©2025 MAXAR TECHNOLOGIES
O alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk, mencionou o risco crescente de “violações e atrocidades por motivos étnicos” na cidade.
Türk fez um apelo por “uma ação urgente e concreta (...) para garantir a proteção dos civis em El Fasher e uma passagem segura” para aqueles que tentam fugir.
Imagens divulgadas na página do comitê local de resistência no Facebook — um grupo civil pró-democracia que documenta o conflito — mostram civis fugindo e cadáveres espalhados pelo chão ao lado de veículos em chamas.
Por sua vez, as FAR afirmaram estar realizando operações para “eliminar os últimos focos de terroristas e mercenários” e ter mobilizado equipes para “proteger os civis”.
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A AFP não pôde verificar de forma independente o que está acontecendo no local nem se comunicar com os civis em El Fasher.
Segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM), mais de 26 mil pessoas fugiram dos combates desde domingo, a maioria refugiando-se nas áreas periféricas da cidade e outras seguindo para Tawila, 70 quilômetros a oeste.
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