 
        Prédios históricos ganham novo papel e ajudam a reerguer o Centro de São Paulo
O retrofit vem ganhando espaço na arquitetura e na construção civil como uma forma de modernizar construções antigas sem apagar suas identidades. Mais do que uma simples reforma, esse processo busca adequar os prédios às normas atuais, como de acessibilidade. Preservando o patrimônio e acompanhando a evolução das cidades, o retrofit tem impulsionado a reocupação do Centro da capital paulista, onde edifícios históricos ganham novas funções e ajudam a devolver vitalidade à região.
Esse movimento tem se consolidado com o apoio da Prefeitura de São Paulo, que direciona recursos para a requalificação de imóveis e subvenção econômica de novos projetos, um incentivo à iniciativa privada para obras dessa natureza. Na etapa mais recente, 16 empreendimentos foram aprovados para receber financiamento municipal após o terceiro chamamento público.
O esforço é parte de um conjunto de políticas públicas da atual gestão para revitalizar a região que é o coração da capital, explica a secretária municipal de Urbanismo e Licenciamento, Elisabete França.
 – Muitos prédios simbólicos estão fazendo parte desse programa e, com isso, estamos preservando a memória da cidade ao mesmo tempo em que trazemos habitação e desenvolvimento econômico. O Centro atrai cada vez mais pessoas para que vem passear e morar –, afirma. 
Símbolos paulistanos
Entre os imóveis contemplados na subvenção econômica, estão verdadeiros marcos da arquitetura, como o Edifício Martinelli, o Copan e o 7 de Abril (antigo prédio da Telesp). Também integram a lista o Residencial Cambridge, na Consolação — que já foi um hotel de luxo nos anos 1950 — e o Edifício H. Lara, na Praça Antônio Prado, construído em 1959 pela tradicional família Toledo Lara.
Outras construções assinadas por nomes consagrados, como Ramos de Azevedo (sede do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo, na Rua Quinze de Novembro), Rino Levi (Edifício Líbero Badaró) e Jacques Pilon (Edifício Anhumas) também passam por requalificação.
Ao todo, 47 imóvies estão nesse processo — sendo 26 pelo programa Requalifica Centro e 31 credenciados na política de subvenção econômica (dez participam de ambos). Os resultados já são visíveis: oito prédios concluíram as obras e 2.271 unidades residenciais foram aprovadas apenas pelo Requalifica.
– O retrofit é discutido há décadas em todas as cidades mundiais que têm seus centros perdendo a função, e São Paulo sai à frente dessa política. Então, o que nós temos como resultado, além da recuperação da região, é servir de exemplo para outras cidades brasileiras e da América Latina – destaca a secretária. 
Requalificação que gera moradia
Interior de um dos 112 apartamentos construídos no Edifício Romã
Sergio Barzaghi/Secom
Entre os pilares dessa política está a ampliação da oferta de moradias no Centro. Antes comercial, o Edifício Romã, no Largo do Arouche, passou por retrofit e agora abriga 112 apartamentos residenciais em uma área com fácil acesso ao transporte público e oportunidades de emprego e lazer. 
Dos 16 projetos credenciados nessa fase, quatro destinam-se à Habitação de Interesse Social (HIS): um para famílias com renda de até três salários-mínimos (HIS-1) e três para aquelas com renda de até seis salários-mínimos (HIS-2). Do total de R$ 1 bilhão destinado ao programa de subvenção, 60% são aplicados nessas duas modalidades. Outros 15% se destinam à habitação de famílias com renda de até dez salários mínimos, e 15% a empreendimentos de outras faixas de renda. Os 10% restantes vão para projetos não residenciais.
Os percentuais de subvenção econômica são definidos com base em critérios que valorizam o patrimônio histórico, a integração do projeto com a dinâmica urbana e o uso de tecnologias sustentáveis. O pagamento do incentivo ocorre de forma parcelada, acompanhando o avanço das obras, e não isenta os empreendedores de cumprir todas as exigências legais. 
Nos dois editais anteriores, lançados em 2023 e 2024, 15 projetos já haviam sido credenciados —cada um dos chamamentos contou com aporte de R$ 100 milhões. Os detalhes, incluindo endereços das edificações e valores de subvenção, podem ser consultados no site: https://subvencao.prefeitura.sp.gov.br.
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