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PL tenta tirar Paes do palanque de Lula no Rio

24/10/2025 06:31 O Globo - Rio/Política RJ

Diante da dificuldade de montar uma candidatura à sucessão do governador Cláudio Castro, o PL, seu partido, passou a trabalhar para tirar o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), do palanque do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Rio. Enquanto Castro tem mostrado proximidade com o prefeito, lideranças do partido vêm dando recados de que podem compor a aliança de Paes ao governo estadual. A condição é que ele não apoie Lula, tampouco inclua o PT na mesma coligação.
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Esta possibilidade é considerada remota, hoje, por aliados de Paes e pelo PT, já que o aumento recente de popularidade de Lula torna menos atrativo um eventual embarque numa candidatura presidencial de direita.
Por outro lado, parte dos interlocutores do prefeito consideram que ele tem interesse em cultivar proximidade com o PL a um ano das eleições de 2026. Paes e Castro costuraram um acordo de “não agressão”, como relatou o GLOBO em agosto, para que o governador permaneça no cargo até o fim do mandato.
Com isso, Paes evitaria o risco de enfrentar nas urnas alguém que esteja como titular do Palácio Guanabara, com os recursos da máquina estadual à disposição. Procurado pela reportagem, Paes não respondeu.
— Só estaremos com Paes se houver um acordo em relação ao presidente da República e se o candidato dele for o mesmo do PL — afirmou o deputado federal Altineu Côrtes, presidente do diretório estadual do PL no Rio.
Nos bastidores, alguns integrantes do PL nutrem a expectativa de que Paes declare apoio a uma eventual candidatura do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), à Presidência. Um dos principais aliados de Tarcísio é o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, do partido de Paes. Kassab já declarou, em entrevistas recentes, que estaria disposto a endossar uma chapa de Tarcísio ao Planalto.
A cúpula do PL fluminense, no entanto, avalia que “não cabe” uma aliança com Paes se o prefeito do Rio insistir em manter o PT na sua coligação. Nessa hipótese, rechaçada pela sigla de Bolsonaro, haveria um palanque duplo com Lula e o candidato bolsonarista.
As sondagens entre Paes e o PL são acompanhadas com atenção por aliados de Castro e pelo PT. No caso do atual governador do Rio, um acordo formal com Paes também poderia abrir caminho para que ele concorresse ao Senado, seu objetivo original nas eleições de 2026. Para isso, a negociação precisaria envolver uma contrapartida de Paes, de não apoiar candidatos competitivos ao Senado — facilitando, assim, a reeleição do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e uma eventual candidatura de Castro para a segunda cadeira.
Inicialmente, Castro planejava apoiar o presidente da Assembleia Legislativa do Rio, Rodrigo Bacellar (União), como seu candidato à sucessão no governo. Neste plano, Castro desejava renunciar ao governo no início de 2026 para estar apto a disputar o Senado, e assim abrir caminho para Bacellar se tornar conhecido à frente do governo estadual — ele é hoje o primeiro da linha sucessória, já que o ex-vice-governador Thiago Pampolha renunciou ao posto neste ano e virou conselheiro do Tribunal de Contas (TCE).
Atritos entre Castro, Bacellar e a família Bolsonaro, no entanto, fizeram o planejamento naufragar. Com isso, a presença de Bacellar na linha sucessória passou a ser um empecilho para qualquer movimento do governador.
Aliados de Castro e de Bacellar vêm trocando sondagens, nas últimas semanas, sobre a possibilidade de o presidente da Alerj aceitar uma nova vaga ao TCE, que ainda não está aberta. A expectativa do Palácio Guanabara é que o conselheiro afastado Marco Antônio Alencar consiga reverter sua situação com um recurso ao Supremo Tribunal Federal (STF), retorne ao TCE e imediatamente peça aposentadoria.
Bacellar vinha se colocando como o principal nome de oposição a Paes na corrida eleitoral de 2026, mas buscava o apoio de Bolsonaro para a empreitada, cenário que hoje é considerado pouco provável de acontecer. Se o presidente da Alerj migrar para o TCE, há a expectativa no Palácio Guanabara de emplacar um nome mais palatável a Castro e Paes em um mandato-tampão no governo até o fim de 2026.
No caso do PT, que tenta garantir indicações ou a vice, ou ao Senado na chapa de Paes ao governo, a sondagem do PL é interpretada como uma tentativa de o partido de Bolsonaro competir por espaços com a sigla de Lula. Parte dos interlocutores de Paes considera que o PL tende a lançar uma candidatura ao governo, mesmo se não houver viabilidade eleitoral, para marcar posição contra o prefeito. Outros aliados de Paes, no entanto, consideram que o partido de Bolsonaro não deseja perder contato com outras siglas aliadas no Rio, como PP, Republicanos e MDB, que têm dialogado com o prefeito.
— O PL está ficando isolado

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