Mulher diz que é perseguida e hackeada por ex-marido que é policial militar
Após quase uma década de relacionamento com um subtenente da Polícia Militar, uma comerciante de Campo Grande afirma viver sob medo constante. Ela diz que sofre perseguições, ameaças e episódios que considera tentativas de intimidar; o mais recente ocorreu na semana passada, quando teve o notebook furtado durante uma viagem de trabalho a Ponta Porã. “Roubaram meu notebook, mas devolveram a mochila e o dinheiro. Levaram apenas o que interessava para ele: minhas senhas e informações pessoais,” relata. Segundo a comerciante, policiais da Delegacia da Mulher de Ponta Porã disseram que o crime não parecia um roubo comum. A vítima, que é empresária, conta que vive uma sequência de abusos desde o início do casamento, em 2015. “Nós nos conhecemos 14 anos antes, nos reencontramos e, em três meses, estávamos casados. No começo, parecia tudo certo, mas logo ele começou a mudar”, relata. A comerciante afirma que o ex-marido passou a demonstrar ciúmes e controle excessivo logo nos primeiros meses de convivência. “Ele dizia que as pessoas queriam me fazer mal, que eu devia ter cuidado com todo mundo. Começou a me colocar medo”, relembrou ao falar sobre o início do ciclo de violência. Segundo ela, na época, já tinha uma vida financeira consolidada, visto que possuía três casas e três carros. Os primeiros sinais de adoecimento, segundo a comerciante, apareceram em 2016. “Tive problemas de saúde; depois, precisei de uma cirurgia de emergência. Era o resultado da violência psicológica que eu vivia”, afirmou a vítima. Ela conta que o marido a humilhava diariamente: sentava-se em frente ao notebook e a ofendia. O subtenente afirmava que a vítima era ‘burra’ e que deveria se ajoelhar diante dele. Todo o sustento da casa, segundo ela, era bancado por sua renda. “Ele só pagava luz, água e condomínio; todo o resto ficava comigo”, disse. A comerciante afirma que o primeiro episódio de agressão física ocorreu em 2016. “Foi durante uma relação sexual. Ele me bateu e disse que, se eu não deixasse, teria que bater nele. Era sempre do jeito dele”, relembrou. Com o tempo, ela disse que passou a viver sob medo constante, visto que ele controlava tudo e, segundo ela, mostrava cenas de pessoas mortas na televisão, a fim de amedrontá-la. Em 2019, o controle se tornou ainda mais intenso. “Ele me levou a um psiquiatra e eu fiquei dopada por um ano. Ele mesmo me dava a medicação. Eu percebi que fazia isso de propósito", disse. Nesse período, ela perdeu parte do controle da própria empresa. Segundo ela, o subtenente saqueou a loja, deixando dívidas. Três anos depois, a comerciante iniciou terapia e começou a desconfiar de envenenamento. “Eu estava muito fraca, com diarreia constante. A psicóloga me alertou para parar de comer em casa. Quando falei que colocaria câmeras, ele disse que quebraria tudo. Mesmo assim, instalei, e ele saiu de casa no mesmo dia", afirmou. Mesmo afastado, o policial continuava por perto. Ela relata que ele alugou uma kitnet no bairro próximo a sua casa, e continuava monitorando a vítima. "Ele é hacker, invadia os celulares, sabia todas as minhas senhas", disse a comerciante. O ex teria dito a vítima que pesquisava a vida dela há 23 anos, e que se ela não aceitasse vender os próprios bens, ela pagaria com a própria vida. O episódio mais recente ocorreu no dia 21 de outubro, quando ela viajava a trabalho para Ponta Porã. “Fui seguida por um carro com três homens. Um deles pegou minha mochila, levou o notebook e as senhas e, depois, devolveu a bolsa ao meu carro. Não levaram o dinheiro. Disseram na delegacia que parecia um roubo encomendado. Eu tive que pagar para chegar viva até Campo Grande”, relata. Segundo ela, o notebook continha informações sigilosas que o ex-marido teria interesse em obter. A comerciante afirma ter registrado diversos boletins de ocorrência desde 2023, todos relatando perseguição e ameaças. “Nada aconteceu. Ele continua na ativa, armado, trabalhando normalmente”, diz. Segundo ela, até uma ex-mulher do subtenente, também policial militar, teria pedido medida protetiva contra ele. A comerciante relata viver trancada em casa, temendo sair às ruas. “Minha mãe, meus irmãos e meus netos estão com medo. Não tenho redes sociais, não tenho vida. Estou sendo forçada a contar tudo porque temo morrer nas mãos de um policial", detalhou. Ela diz ainda que tenta seguir as orientações de segurança, como trocar senhas e e-mails. “Mas, no fundo, sei que ele consegue entrar em qualquer lugar. Ele não tem nada a perder [...] Não estou pedindo bens nem dinheiro. Só quero continuar viva. Quero ver meus netos crescerem, trabalhar e viver em paz", finalizou. O Campo Grande News tentou contato com a Polícia Militar e ainda não obteve retorno. O espaço segue aberto para manifestações futuras. Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais .
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