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"Cortar língua e orelha": vítima de sequestro relatou ameaças a mando do pai

27/10/2025 19:30 Campo Grande News - Política

A filha do narcotraficante foragido Gérson Palermo, sequestrada na sexta-feira (24) em Campo Grande, relatou ter sido torturada e ameaçada de mutilação enquanto era mantida em cativeiro. Segundo o depoimento dela, os sequestradores diziam que “cortariam sua língua e sua orelha” caso o marido não entregasse uma quantia em dinheiro. As informações foram divulgadas pelo delegado Roberto Guimarães, do Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros), durante coletiva de imprensa na tarde desta segunda-feira (27). De acordo com ele, a vítima contou que foi abordada ao sair do trabalho, no centro da cidade, enquanto aguardava o marido e foi forçada a entrar em um carro. De cabeça baixa durante todo o trajeto, foi levada até uma casa no bairro Moreninhas, onde ficou amarrada, levou coronhadas e chutes. A jovem afirmou não saber de que dinheiro se tratava e negou qualquer envolvimento. “Ela relatou que os criminosos falavam em valores entre R$ 50 mil e R$ 1 milhão, mas a Polícia Civil ainda não tem confirmação sobre isso”, informou o delegado. Durante o cativeiro, os sequestradores enviaram fotos da vítima amarrada para o marido, exigindo o pagamento do resgate. A mulher disse acreditar que só foi libertada porque o pai teria pedido para poupá-la, mesmo sendo o mandante do crime, conforme sua suspeita. Guimarães explicou que o caso chegou ao Garras na noite de sexta-feira, quando o marido procurou a delegacia relatando o sequestro. “Inicialmente houve desconfiança porque esse tipo de crime é muito raro hoje em Mato Grosso do Sul. Mas, quando ele apresentou as fotos da esposa amarrada, ficou claro que se tratava de um caso real”, afirmou. Diante das provas, as equipes iniciaram as diligências imediatamente. Por volta da 1h da madrugada de sábado, o marido recebeu nova mensagem informando que a mulher havia sido libertada. Ela foi localizada no fundo do bairro Moreninhas, em uma região de estrada de terra, e levada à delegacia. Cativeiro e prisão – Com base no depoimento da vítima, os investigadores chegaram ao cativeiro, uma casa simples e sem móveis, também localizada nas Moreninhas. O imóvel tinha a conta de energia em nome de Reinaldo Silva de Farias, de 34 anos, com histórico criminal, que foi preso em flagrante. Durante a busca, duas espingardas e uma case de arma de fogo, semelhantes às descritas pela vítima, foram apreendidas. O preso confessou participação indireta, dizendo que apenas intermediou o contato entre os sequestradores. Ele passou por audiência de custódia nesta segunda-feira e teve a prisão convertida em preventiva. A perícia confirmou que a casa era o local onde a vítima permaneceu em cativeiro. No imóvel, foram encontrados uma motosserra, uma roçadeira e o mesmo tipo de piso visto nas fotos enviadas à família. O telefone usado para pedir o resgate também pertencia ao suspeito preso. Durante as diligências, os policiais ligaram para o número, e o celular tocou dentro da casa. De acordo com as investigações, Gérson Palermo, condenado a 126 anos de prisão e foragido há cinco anos, teria orquestrado o crime à distância. Ele chegou a ligar para o avô materno da jovem, afirmando que nada aconteceria à filha “se devolvessem o dinheiro”. Em outro momento, ameaçou dizendo que “todos iriam morrer por causa desse dinheiro”. O delegado ressaltou que, até o momento, não há provas concretas do envolvimento direto de Gérson ou da mãe da vítima, mas ambos são alvos de investigação. “Trabalhamos com várias linhas de investigação. Há indícios de extorsão mediante sequestro, e o relato da vítima é compatível com o que foi encontrado no local. Não há qualquer indício de armação”, reforçou Guimarães. Ele destacou ainda que não houve pagamento de resgate e que circulam versões sobre valores em reais, dólares e euros, mas nada foi confirmado. O delegado pediu cautela à imprensa. “Estamos lidando com uma vítima traumatizada e uma investigação complexa. Peço que sejam publicadas apenas informações oficiais. As evidências são sólidas e já foram suficientes para manter a prisão preventiva, mas ainda há muito a apurar”. Segundo a Polícia Civil, o caso segue sob investigação. As equipes buscam identificar os demais envolvidos e esclarecer o papel de Gérson Palermo, que, segundo a vítima, vive na Bolívia e continua comandando crimes, mesmo foragido. Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais .

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