Mudança no perfil do trabalhador e ascensão da direita explicam menor mobilização da esquerda, diz Boulos
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O deputado Guilherme Boulos (PSOL-SP) e novo ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República atribui a aparente menor capacidade de mobilização de rua da esquerda, em comparação com a direita nos últimos anos, a dois fatores principais: uma mudança profunda no perfil da classe trabalhadora e o impacto inicial da ascensão da extrema direita no Brasil e no mundo.
Em entrevista à GloboNews, Boulos, que deve tomar posse como ministro nos próximos dias, analisou o cenário e disse que uma de suas missões será justamente reconectar a esquerda com essa nova base trabalhadora.
Segundo Boulos, a base histórica da esquerda e dos movimentos sociais – a classe trabalhadora das periferias urbanas – mudou.
"Antes, o cara que morava lá no Capão Redondo, aqui em Ceilândia ou na Zona Oeste do Rio de Janeiro tinha, via de regra, um trabalho regular formal, estava muitos deles organizados no sindicato. Isso mudou", analisou.
Para ele, a classe trabalhadora atual está "mais dispersa, difusa, flexível, por plataformas ou trabalhando na informalidade", o que "tirou parte da capacidade que a esquerda historicamente teve de mobilização". "Nós temos que responder a esse fenômeno. Parte da minha missão é essa, vamos dialogar com esses trabalhadores, com esses novos trabalhadores, com essas novas periferias", completou.
O segundo fator, na visão de Boulos, foi a ascensão da extrema direita, que "gerou num primeiro momento, talvez até uma perplexidade do campo progressista, uma dificuldade de responder".
Apesar do diagnóstico, Boulos acredita que o cenário está mudando. "Esse jogo começou a virar, esses ventos começaram a virar", afirmou.
Ele citou os recentes atos contra a "PEC da Blindagem" como exemplo. "Vamos lembrar que a maior mobilização de massas feita neste ano no Brasil foi organizada pela esquerda brasileira, pelos movimentos sociais", disse, embora reconhecendo que foi um movimento amplo da sociedade civil e com forte participação de artistas.
Boulos destacou que, além da pauta contra a PEC, outras bandeiras ganharam força nesses atos, como o fim da escala 6x1, a isenção do Imposto de Renda e a taxação dos super-ricos. "Esse debate já começou a esquentar na rua e vai esquentar ainda mais o ano que vem", previu.
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