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MS lidera emissões de carbono por incêndios no Brasil

20/10/2025 21:11 Campo Grande News - Política

Mato Grosso do Sul foi classificado como o Estado com maior intensidade de fogo e maior índice de emissões de carbono por incêndios em todo o Brasil na temporada 2024-2025. Os dados constam na segunda edição do relatório State of Wildfires Report (Estado dos Incêndios Florestais 2024-2025), elaborado por uma parceria internacional de 60 instituições e especialistas de 20 países, incluindo, cientistas brasileiros.  A análise mostra que as emissões de carbono no Estado tiveram alta de 323%, a maior do Brasil e de toda a região do Pantanal. O número representa o pior índice já registrado desde o início da série histórica, em 2002, ou seja, em 23 anos.  Segundo os cientistas, a anomalia de mais de 300% indica que o fogo não apenas queimou uma área maior, mas também atingiu materiais com maior densidade de carbono, como turfa, biomassa florestal ou savanas com alta carga de combustível. Esse tipo de queima provoca liberação mais intensa de gases de efeito estufa.  Área queimada -  Em extensão, o Estado também registrou aumento de 90% na área queimada, totalizando 23 mil km², o que colocou MS em segundo lugar no ranking nacional de severidade. O Pará ficou em primeiro, com 36 mil km² e aumento de 119% na área queimada. Já Mato Grosso, embora tenha registrado área maior afetada (68 mil km²), teve aumento de apenas 50% nas emissões de carbono, ocupando o sexto lugar no ranking nacional.  O Amazonas também apareceu em destaque, com anomalia de 254% na área queimada e 237% nas emissões.  Consequências -  O Pantanal, bioma que se estende por Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Bolívia, teve perdas econômicas estimadas em R$ 1,2 bilhão (cerca de US$ 222 milhões). Classificada no relatório como região Pantanal-Chiquitano, a área queimada foi quase o triplo (196%) da média anual desde 2002.  As mudanças climáticas impulsionaram o aumento da área queimada em até 34 vezes, excedendo a média em 466%. Já, as emissões de carbono do fogo foram mais de seis vezes superiores (+502%) à média anual.  O levantamento também aponta que, no Nordeste da Amazônia, onde os incêndios atingiram níveis recordes, a influência humana no clima fez a área queimada ser quatro vezes maior que o habitual.  Causas - De acordo com os pesquisadores, a combinação de seca, calor extremo (temperaturas acima de 40 °C) e chuvas escassas (abaixo de 60% da média anual em muitas áreas) transformou a vegetação em combustível altamente inflamável na região pantaneira.  A queima extrema ocorreu após uma seca plurianual iniciada em 2019, que reduziu o armazenamento de água do Pantanal aos níveis mais baixos já registrados.  Levantamento mundial - A pesquisa analisou quatro incêndios florestais extremos registrados no mundo: no Sul da Califórnia (EUA), em janeiro de 2025; no Nordeste da Amazônia, entre janeiro e março de 2024; no Pantanal-Chiquitano (Brasil e Bolívia), entre agosto e setembro de 2024; e na Bacia do Congo, em julho de 2024.  No âmbito geral, de março de 2024 a fevereiro de 2025, o estudo registrou a queima de 3,7 milhões de km² em todo o mundo, com emissões de carbono superiores a 8 bilhões de toneladas, 9% acima da média desde 2003. O relatório alerta para as transformações nas dinâmicas do fogo em todo o planeta, impulsionadas pelas mudanças climáticas provocadas pelo ser humano. No Brasil, os incêndios observados na Amazônia e no Pantanal foram entre duas e três vezes mais prováveis devido ao aquecimento global.  Conforme o levantamento, os eventos têm consequências diretas para as populações rurais e indígenas, como escassez de alimentos e agravamento de problemas de saúde. O documento reforça a urgência de enfrentar o problema, reconhecendo que a adaptação a um mundo mais quente e mais propenso ao fogo já é uma necessidade imediata. COP 30 -   O relatório, que tem 46 páginas, cobra ações práticas na COP 30 (Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas), que será realizada em novembro, em Belém, no Pará. Os cientistas alertam que é essencial reduzir rapidamente as emissões para conter os impactos de futuros incêndios extremos.  O documento defende que mitigação e adaptação caminhem juntas, além do corte de emissões, sugere melhor gestão da terra, investimentos em sistemas de alerta e medidas preventivas. Os pesquisadores também pedem revisão das diretrizes da UNFCCC (Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima), que trata incêndios florestais como neutros em carbono e ignora as perdas reais de longo prazo. Além disso, o relatório, recomenda que o Fundo de Perdas e Danos reconheça explicitamente os incêndios na agenda global, garantindo apoio à prevenção e recuperação em países mais vulneráveis.  O documento completo está disponível no site: State of wild fires Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais .

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