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Menopausa no trabalho: especialistas alertam que falta de acolhimento pode reforçar desigualdades de gênero

15/10/2025 08:04 O Globo - Rio/Política RJ

Assim como há anos se discute a importância de políticas como licença-maternidade e suporte à gestação nas empresas, agora a menopausa ganha espaço no debate corporativo. O objetivo é proteger as mulheres para que esse processo natural não crie um novo estigma que desvalorize profissionais experientes.
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Durante muito tempo, o medo da gravidez foi usado como motivo velado para excluir mulheres de processos seletivos e promoções. Com a maior expectativa de vida e a permanência prolongada de profissionais maduras no mercado, a menopausa surge como um novo desafio que pode ampliar as desigualdades de gênero. A questão é clara: como garantir que essa fase da vida feminina não se transforme em mais um obstáculo para o avanço profissional?
"A menopausa, que costuma ocorrer entre os 45 e 55 anos, traz sintomas que vão além das ondas de calor. Alterações no sono, dificuldade de concentração, lapsos de memória, fadiga, ansiedade e mudanças de humor são comuns. Esses fatores podem impactar a rotina e o desempenho, especialmente em ambientes corporativos exigentes. Contudo, o problema maior não está nos sintomas em si, mas na falta de acolhimento e de políticas que reconheçam e saibam lidar com essa fase da vida", explica a ginecologista Ana Paula Fabrício, especialista em Ginecologia e Obstetrícia (TEGO).
"As ondas de calor, urgência e incontinência urinária, sono insatisfatório, dores de cabeça, mau humor, irritabilidade, ansiedade, ataques de pânico, perda de concentração e memória são sintomas que afetam a mulher no trabalho. A falta de compreensão sobre a queda no desempenho ou a necessidade de pausas pode gerar discriminação, aumentar a pressão emocional e provocar afastamentos", destaca a ginecologista Patricia Magier, formada pela Universidade Federal Fluminense (UFF).
O ginecologista Igor Padovesi, especialista em menopausa certificado pela North American Menopause Society (NAMS) e membro da International Menopause Society (IMS), alerta para um impacto recente no mercado: "Relatos indicam que as mudanças hormonais nesta fase têm contribuído para a saída de mulheres do ambiente profissional, levantando a necessidade de ações corporativas mais efetivas."
"Embora lideranças femininas cresçam, a menopausa ainda é um tabu nas empresas. Os homens ainda predominam entre os líderes e desconhecem esse momento específico", analisa Dr. Igor.
Dra. Ana reforça que, assim como foi amplamente debatida a licença-maternidade, é urgente incluir a menopausa na pauta das empresas e conscientizar gestores sobre essa etapa da vida feminina.
"O debate sobre fertilidade no trabalho é recente, e algumas companhias já adotaram políticas de apoio ao congelamento de óvulos e tratamentos de fertilização. É fundamental que as mulheres na menopausa também recebam esse suporte", acrescenta Dr. Igor.
"O risco é criar um novo estigma que desvalorize justamente as profissionais mais experientes, muitas vezes em cargos de liderança ou em fases de grande contribuição", alerta Dra. Ana.
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Existem tratamentos eficazes que vão desde a reposição hormonal, quando indicada e acompanhada, até alternativas não hormonais, além de mudanças no estilo de vida, exercícios físicos e terapias complementares. "Sem informação, muitas mulheres sofrem em silêncio e enfrentam sozinhas os impactos da menopausa, enquanto poderiam preservar sua qualidade de vida", defende Dra. Ana Paula.
O tema começa a ganhar espaço em discussões internacionais. Empresas na Europa e nos Estados Unidos já adotaram políticas de "menopause-friendly workplace", com programas educativos, ajustes no ambiente e flexibilização de horários. "No Brasil, ainda estamos engatinhando", lamenta Dra. Ana Paula.
"O mercado brasileiro precisa entender que acolher mulheres na menopausa é questão de saúde, competitividade e inovação. Ignorar essa realidade significa desperdiçar décadas de experiência, liderança e visão estratégica”, afirma. “Mais empresas deveriam seguir o exemplo das organizações que já promovem mudanças significativas para apoiar suas colaboradoras", completa Dr. Igor Padovesi.
Entre as soluções práticas estão a inclusão do tema em programas de saúde corporativa, treinamentos para gestores lidarem com diversidade etária, flexibilização de rotinas em momentos críticos, incentivo a check-ups e acesso facilitado a tratamentos. "Essas iniciativas não só reduzem sintomas e melhoram o bem-estar das colaboradoras, como fortalecem a imagem das empresas perante a sociedade", ressalta Dra. Ana.
Dra. Patricia complementa: "A terapia de reposição hormonal é fundamental para minimizar os sintomas e prevenir complicações a longo prazo. A

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