
Lula diz que ‘intervenções estrangeiras podem causar danos maiores do que o que se pretende evitar’
Em meio ao aumento das tensões entre os Estados Unidos e a Venezuela, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta segunda-feira que “intervenções estrangeiras podem causar danos maiores do que o que se pretende evitar”.
A declaração foi dada em cerimônia no Itamaraty de entrega de cartas credenciais a embaixadores estrangeiros.
— Na América Latina e Caribe também vivemos um momento de crescente polarização e instabilidade. Manter a região como zona de paz é nossa prioridade. Somos um continente livre de armas de destruição e massa, sem conflitos étnicos ou religiosos. Intervenções estrangeiras podem causar danos maiores do que o que se pretende evitar — discursou o presidente.
Na semana passada, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, surpreendeu ao confirmar que deu autorização para a CIA realizar missões secretas contra alvos na Venezuela. Analistas ouvidos pelo GLOBO apontam que apesar do aparente contrassenso na exposição de uma ação que deveria ser encoberta, a tática trumpista foi desenhada para estimular dissidências e impulsionar uma "guerra psicológica" sobre lideranças do regime venezuelano, com intuito de fraturar a unidade chavista e potencialmente levar a uma queda de Maduro.
A discussão pública sobre uma possível incursão terrestre na Venezuela — os EUA já têm 10 mil soldados na região e aviões e navios de guerra — cumpre um papel estratégico no plano do governo Trump para lidar com o regime de Maduro, plano este que considera particularidades do governo e das elites venezuelanas, além das realidades caribenha e sul-americana, segundo o professor Ricardo Salvador De Toma-García, doutor em Estudos Estratégicos Internacionais.
Em seu discurso nesta segunda-feira, Lula também mais uma vez fez uma defesa do multilateralismo.
— O que nós queremos é mostrar ao mundo que nós precisamos fortalecer o multilateralismo. E o multilateralismo é baseado na boa relação cordial, comercial, econômica e, sobretudo, uma relação pacífica, sem ódio, sem negacionismo e sem ferir o princípio básico da democracia e dos direitos humanos.
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