
Foz do Amazonas pode adicionar 6,2 bilhões de barris recuperáveis, mais da metade das reservas provadas atuais da Petrobras
O volume recuperável estimado com o mapeamento da porção noroeste da Bacia da Foz do Amazonas é de 6,2 bilhões de barris de óleo equivalente, de acordo com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), com base em estudo que integra um projeto de análises das bacias sedimentares brasileiras.
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Nesta segunda-feira, a Petrobras informou que obteve a licença para perfurar o primeiro poço na Bacia da Foz do Amazonas. O setor comemora a licença, enquanto que ambientalistas a veem com preocupação, e consideram desastrosa a liberação por parte do Ibama. A duas semanas da COP30, a decisão foi vista por entidades ambientais como uma sabotagem à conferência.
Como base de comparação, as reservas provadas da Petrobras somam 11,4 bilhões de barris de óleo equivalente (boe).
Segundo a companhia, com base no Plano de Negócios 2025-2029, estão previstos 15 poços na Margem Equatorial, com investimento total de US$ 3 bilhões. Desse total, oito poços serão perfurados somente na Bacia da Foz do Amazonas.
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Pedro Rodrigues, sócio da consultoria CBIE, afirma que o Brasil precisa de novas fronteiras para se manter relevante como grande produtor de petróleo. Para isso, é necessário avançar, já que o pré-sal deve entrar em declínio a partir de meados da próxima década, projeção já confirmada pela Petrobras.
— Depois das águas rasas, das águas profundas e ultraprofundas com o pré-sal na Bacia de Santos, o Brasil se tornou uma potência global. Mas esses campos todos têm uma vida útil; por isso, é preciso seguir descobrindo novas reservas — disse Rodrigues.
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Para ele, o Brasil perdeu muito tempo nos últimos dez anos discutindo o licenciamento para a Bacia da Foz do Amazonas, na Margem Equatorial. Enquanto isso, o país vizinho Guiana começou a explorar suas reservas e foi um dos que mais registraram crescimento em seu PIB.
— Ao longo dos últimos dez anos, houve um grande atraso no desenvolvimento das reservas de petróleo no Brasil. A crítica é se esse tempo é, de fato, razoável para isso. Hoje vimos que, com essa licença, houve uma vitória da ala do bom senso do governo, já que havia rumores de que a licença só sairia após a COP 30 — afirmou Rodrigues.
Para o consultor, o Brasil está bem posicionado do ponto de vista ambiental, devido ao baixo número de acidentes envolvendo campos de petróleo. No entanto, ele alerta para o uso adequado dos royalties em regiões produtoras, como o Norte Fluminense, no Rio de Janeiro.
— Você pode questionar o uso dos royalties, como ocorreu na região Norte do Rio de Janeiro, mas é importante destacar que o Brasil tem um baixo volume de vazamentos, o que mostra sua eficiência do ponto de vista operacional — destacou.
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De acordo com a ABESPetro, que reúne as empresas de serviços do setor, a licença representa um passo histórico para o Brasil manter a autossuficiência em petróleo. Para Telmo Ghiorzi, presidente-executivo da associação, o petróleo continuará a ser uma fonte relevante da matriz energética global por muitas décadas.
— A produção de petróleo e a industrialização que ela induz são fatores imprescindíveis para que o Brasil mantenha o ritmo de criação de empregos de alta qualificação e remuneração. Isso é de particular relevância para as regiões Norte e Nordeste do país, que serão intensa e positivamente impactadas por este avanço — ressaltou Ghiorzi.
Ele afirmou que o Brasil precisará “correr contra o tempo”, já que desde 2018 o país não perfura poços em novas fronteiras exploratórias.
— Mas a Petrobras e a cadeia produtiva brasileira já superaram desafios igualmente difíceis e importantes. Nós superaremos novamente e manteremos o vigor do crescimento e do desenvolvimento socioeconômico do Brasil — concluiu.
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