Japão está prestes a abrir mercado para carne bovina brasileira, diz ministro
O Japão está “muito perto” de abrir seu mercado para a carne bovina brasileira, segundo o ministro da Agricultura do Brasil, Carlos Fávaro, em um movimento que representaria mais um golpe nas exportações dos Estados Unidos.
— Está avançando rapidamente — disse o ministro à Bloomberg News, na Malásia, nesta segunda-feira. — Algo que estava paralisado há mais de 25 anos agora está muito próximo de acontecer, restam apenas alguns detalhes.
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O mercado japonês é de alta renda e muito lucrativo, mas também altamente exigente, acrescentou Fávaro. Um dos requisitos era que o Brasil fosse declarado livre de febre aftosa sem vacinação, certificação obtida no início deste ano.
Fávaro afirmou que o Brasil está na fase final do protocolo sanitário e que “assim que ele for concluído, o mercado será aberto”, o que ele espera que ocorra até o fim do ano.
O Brasil é o maior exportador mundial de carne bovina, enquanto o Japão é um dos principais importadores globais, que até agora dependeu principalmente do fornecimento dos Estados Unidos e da Austrália. O acordo significa uma demanda adicional pela carne brasileira, justamente no momento em que as vendas para os EUA caíram após a imposição de tarifas de 50% pelo governo Trump.
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A decisão de permitir a entrada da carne brasileira no Japão também colocaria em risco as exportações rivais dos EUA, num momento em que o país enfrenta uma grave escassez de gado. Isso elevou os contratos futuros de gado vivo a níveis sem precedentes neste ano e eliminou bilhões de dólares em lucros dos frigoríficos americanos.
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As declarações de Fávaro seguem visitas de autoridades japonesas ao Brasil neste ano para inspecionar as condições sanitárias dos animais. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva envolveu-se diretamente nas negociações para acessar o mercado japonês em março, durante sua visita ao Japão. "O Brasil está pronto”, disse Lula na ocasião.
— Seria ótimo para o Brasil, porque o Japão é um mercado premium — para o Japão se pode exportar cortes nobres de carne bovina — afirmou Gilberto Tomazoni, diretor-presidente da JBS NV, nesta segunda-feira, à margem de uma conferência em São Paulo.
Ainda assim, ele ponderou que pode levar algum tempo até que as vendas ao Japão ganhem ritmo, já que esse mercado exige produtos de alta qualidade e geralmente leva tempo para construir relações comerciais.
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Além disso, as negociações entre Brasil e Japão foram conduzidas sob a administração japonesa anterior. Com um novo governo agora em Tóquio, o Brasil precisará retomar o diálogo com a nova liderança. Na semana passada, Sanae Takaichi foi eleita primeira-ministra do Japão, se tornando a primeira mulher a governar o país em tempos modernos.
Desde o início do terceiro mandato de Lula, em 2023, 466 novos mercados foram abertos para produtos brasileiros, segundo o Ministério da Agricultura. Em entrevista coletiva em Kuala Lumpur nesta segunda-feira, Lula disse esperar que esse número chegue a 500 até o fim de seu mandato, no fim de 2026.
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