
Hospital reforça: documento no bolso pode evitar horas de angústia para famílias
Referência em atendimento ortopédico e neurológico em Mato Grosso do Sul, a Santa Casa de Campo Grande recebe, mensalmente, uma média de cinco pacientes sem identificação. Geralmente, são vítimas de acidentes; a maioria, homens jovens, muitas vezes em estado grave e sem nenhum documento. De janeiro a setembro deste ano, o hospital atendeu 50 encaminhamentos com essa característica, sendo 47 homens e três mulheres. Segundo a supervisora do Serviço Social da instituição, Emily Francisca de Moraes Faria, esses pacientes chegam desorientados e sem condições de fornecer informações. “É muito comum recebermos pacientes acidentados sem identificação. A maioria vem de acidentes de moto, carro ou bicicleta e é encaminhada diretamente para a área vermelha”, explica Emily, ao afirmar que, além do esquecimento do paciente, o documento pode ter sido extraviado na hora do socorro. Foi o que aconteceu com Maryana Oliveira, de 26 anos, que viveu três dias de angústia sem saber o paradeiro do marido, Gustavo Moura dos Santos, de 29 anos. O que os separava do ponto onde ele se acidentou eram apenas quatro quadras, no bairro Caiobá, em Campo Grande. Grávida de cinco meses, Maryana reencontrou o marido intubado e em tratamento intensivo na Santa Casa, depois que uma mulher reconheceu as roupas descritas nas reportagens sobre o desaparecimento e entrou em contato com a família. O caso ilustra as dificuldades enfrentadas pelas equipes médicas e familiares quando a vítima de um acidente chega sem identificação. Sem documento, o contato com parentes pode demorar dias, tempo suficiente para transformar o socorro em uma busca desesperada. Busca por identidade - Quando o paciente chega sem documentos, o hospital inicia um protocolo padrão de busca ativa para localizar familiares. “Damos um prazo de até 24 horas para que o paciente recobre a consciência e se identifique ou que a família apareça. Em muitos casos, a família nos procura no mesmo dia. Mas há situações em que isso demora mais”, relata a supervisora. Caso o prazo seja ultrapassado, a Santa Casa aciona o Instituto de Identificação e a DHPP (Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa). O setor elabora um ofício com cópias para os dois órgãos. A equipe do Instituto vem ao hospital e realiza a coleta das digitais no leito. Com o aparelho, é possível verificar a compatibilidade parcial ou total das impressões digitais. Se o resultado é inconclusivo, o Instituto de Identificação parte para uma análise laboratorial mais aprofundada. Segundo Emily, posteriormente, com os dados, pode haver busca de informações em sistemas como o SUS (Sistema Único de Saúde) e na rede de unidades de saúde, onde possa haver cadastro dessa pessoa. Longa espera - Nem sempre a identificação é rápida. Um dos casos mais longos ocorreu em 2024, quando um homem ficou oito meses internado sem identificação. “Descobrimos depois que ele era de Minas Gerais e tinha passagem pela polícia; foi reconhecido por um policial do estado de origem”, recorda Emily. Em outros casos, o reconhecimento vem de forma inesperada. “Há situações em que o paciente está intubado e sem condições de se comunicar, e a família só descobre o paradeiro dias depois”, diz. Quando a identificação demora mais de 15 dias, o hospital solicita o apoio da assessoria de comunicação e, em alguns casos, da imprensa. “Pedimos a divulgação para tentar localizar familiares”, explica Emily. Ela também faz um alerta às famílias que estejam em busca de pessoas desaparecidas. “O primeiro passo é ligar para os hospitais e unidades de saúde, como UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) e CAPS (Centros de Atenção Psicossocial). O ideal é levar uma foto e se identificar como familiar para facilitar o reconhecimento. Muitas vezes, a pessoa está internada e a família ainda não sabe”, orienta. Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais .
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