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'Guru' é indiciado por mais de 10 crimes após relatos de ex-integrantes de seita no RS

09/10/2025 19:36 G1 RS

Comunidade Osho Rachana, em Viamão
Reprodução/RBS TV
A Polícia Civil indiciou, nesta quinta-feira (9), Adir Aliatti, investigado após denúncias de ex-integrantes de uma comunidade liderada por ele em Viamão, na Região Metropolitana de Porto Alegre.
As investigações envolveram a comunidade Osho Rashana que funcionava em um sítio na cidade. Em dezembro do ano passado, a polícia fez uma operação no local, depois de relatos de abusos psicológicos e extorsão financeira por parte do investigado.
Segundo a polícia, Aliatti comportava-se como um "guru espiritual" da seita, onde era conhecido como Prem Milan. A investigação apontou que ele utilizava diversas práticas de meditação, entre elas, o sexo livre entre os praticantes.
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Mais de 40 vítimas foram identificadas. Além do abalo psicológico, o prejuízo financeiro para os ex-moradores da comunidade supera os R$ 4 milhões, segundo as investigações.
"Falsas promessas"
A investigação concluiu ainda que fiéis e simpatizantes eram levados a pagar mediante falsas promessas de cura espiritual, além da prática de métodos terapêuticos não reconhecidos e com risco à saúde física e mental. "Também foram identificadas práticas de isolamento social forçado, inclusive de menores, e atos que configuram tortura física e psicológica", diz a polícia.
Aliatti foi indiciado por mais de 10 crimes, entre eles tortura, estelionato, curandeirismo, racismo, abuso infantil, trabalho escravo, violência sexual mediante fraude, entre outros. Ele cumpre medidas cautelares, com uso de tornozeleira.
O g1 entrou em contato com a defesa de Aliatti, que não havia se manifestado até a mais recente atualização desta reportagem.
“O inquérito demonstra um padrão de manipulação psicológica e abuso de poder espiritual, no qual os líderes exploravam emocional, sexual e financeiramente dezenas de pessoas vulneráveis, muitas delas com sequelas permanentes”, destacou a delegada Jeiselaure Rocha de Souza, responsável pela investigação.
Relatos de 'cura gay'
Uma ex-integrante da comunidade relatou práticas de "cura gay", além de casos de discriminação racial e de gênero por parte do responsável pela seita, investigado por tortura psicológica, curandeirismo, estelionato e outros crimes financeiros. Segundo a Polícia Civil, essa prática ficou comprovada durante a investigação. Relembre os relatos abaixo.
Segundo o relato da ex-moradora de 30 anos, que não quis ser identificada, as práticas aconteciam especialmente durante a pandemia de Covid-19. De acordo com a mulher, pessoas LGBTQIA+ eram incentivadas a “experimentar” relacionamentos heterossexuais.
"Presenciei vários casos de cura gay", relata a ex-integrante.
"O papo era: a gente está trancado num sítio, a gente não vai sair logo, então 'não faz sentido tu ficar com mulher, não tem porquê tu ficar com outra mulher e tu tem que ficar com um homem'", conta.
A ex-moradora explica que essa abordagem era feita sempre levando para o lado terapêutico. Além disso, a mulher relatou que as pessoas no ambiente eram altamente machistas, misóginas e racistas.
'Uma grande manipulação', diz mulher que vivia em seita
Adir Aliatti, apontado pela polícia como 'guru espiritual' de comunidade de Viamão
Reprodução/RBS TV
Suposta violência com cinta
A ex-moradora descreveu um episódio em que o guru, durante uma sessão de um retiro, teria usado uma cinta para bater em uma participante até que ela lembrasse de um suposto episódio de violência sofrida na infância.
"Ele pressionou até ela trazer uma memória, que inclusive, ela me contou depois que era mentira, que ela só falou para ele parar e deixar ela ali, parar de incomodar, parar de humilhar, torturar ela", diz.
Suspeita de estelionato
Mais de 20 pessoas já foram ouvidas pela polícia. Os depoentes relataram que sofriam tortura psicológica, violência física e patrimonial, além de crimes financeiros, sempre coagidos pelo "guru espiritual".
O sítio da seita, localizado no interior de Viamão, tem 42 hectares e chegou a abrigar 80 pessoas. Elas dividiam tarefas cotidianas e cultivavam produtos orgânicos, vendidos na região. Além disso, o grupo comercializava cadernos e agendas em Porto Alegre. A renda era revertida para a manutenção da comunidade e das pessoas que viviam lá.
Um homem, que também prefere não ser identificado, morou no local por 16 anos. A ideia de um espaço em meio à natureza em que amigos pudessem partilhar uma vida em comunidade foi o que encantou o antigo integrante do grupo.
"Era a gente ter um lugar onde a gente podia viver com os amigos, onde a gente dividisse os custos das coisas, onde cada um pudesse contribuir com uma parte daquilo ali por igual", fala.
Porém, depois da pandemia, alguns integrantes perceberam inconsistências nas contas da comunidade. De acordo com a polícia, o "guru espiritual" ficava com o dinheiro obtido através de empréstimos contraídos pelos participantes do grupo.
"Uma administração caótica das finanças pro

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