Governo federal autoriza transferência de presos em reunião de emergência com Castro e forma comitiva para ir ao Rio
O governo federal autorizou a transferência de presos para penitenciárias federais de segurança nota em uma reunião de emergência no Palácio do Planalto que discutiu a crise da segurança pública no Rio, após operação policial contra o Comando Vermelho deixar pelo menos 64 mortos. O pedido foi feito pelo govenador do Rio de Janeiro, Claudio Castro, que entrou por ligação telefônica. Cerca de uma dezena de detentos devem ser transferidos, número que pode aumentar nas próximas horas. Uma comissão do governo federal irá ao Rio de Janeiro na quarta-feira.
— Colocamos à disposição vagas em presídio federal para fazer transferência de preso — disse a ministra Gleisi Hoffmann.
Claudio Castro chegou a se oferecer para vir a Brasília discutir a situação do Rio, mas a cúpula do governo Lula decidiu ir até Rio de Janeiro nesta quarta-feira. Ficou combinado que Rui Costa, Ricardo Lewandowski e o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, irão a cidade para discutir a reação do governo federal à crise de segurança pública.
Estavam reunidos no Palácio do Planalto o presidente em exercício, Geraldo Alckmin, os ministros da Rui Costa (Casa Civil), Gleisi Hoffman (Relações Institucionais), Jorge Messias (AGU), Macaê Evaristo (Direitos Humanos) e representantes do Exército, Ministério da Justiça e Polícia Federal. O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, participou por telefone. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não participou pois estava em voo retornando da viagem à Ásia.
Todos os presentes na reunião foram questionados se receberam algum tipo de pedido do governo do Rio por apoio a operação realizada nesta terça-feira. De acordo com relatos, todos os integrantes do encontro negaram qualquer solicitação do governo Claudio Castro.
Na visão de auxiliares de Lula, foi um erro do governador tentar enfrentar o Comando Vermelho apenas com a polícia do Rio. Claudio Castro reclamou publicamente do governo Lula após a operação e disse que o governo do estado estava "sozinho" e relatou que pediu o apoio logístico de blindados, em três oportunidades. As solicitações foram negadas. Em nota, o Ministério da Defesa afirmou que o pedido de blindados para o governo do Rio de Janeiro só pode ser atendido mediante GLO, que ocorre apenas mediante decreto do presidente da República. Como mostrou O GLOBO, a adoção de GLO não está, por ora, em discussão no governo.
O Planalto irá defender ações de planejamento integrado entre as polícias do Rio de Janeiro, com Polícia Federal, Exército e Ministério da Justiça, com uso de troca de informações de inteligência de todas essas agências. Outra orientação é de o governo não ampliar o tom com Claudio Castro, mas buscar uma aproximação, de modo a evitar um ambiente de disputa política. No Palácio do Planalto, ministros defendem que o governo federal deve participar desde o planejamento até a execução das ações policiais do Rio de Janeiro e não apenas fazer empréstimo de equipamentos.
Nota da Casa Civil sobre a reunião:
"Na tarde desta terça-feira (28), foi realizada reunião na Casa Civil da Presidência da República para monitorar os desdobramentos da operação policial ocorrida no Rio de Janeiro. O encontro foi coordenado pelo presidente da República em exercício, Geraldo Alckmin, e contou com a participação dos ministros Rui Costa, Gleisi Hoffmann, Jorge Messias, Macaé Evaristo, Sidônio Palmeira e do secretário-executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Manoel Carlos. Durante a reunião, as forças policiais e militares federais reiteraram que não houve qualquer consulta ou pedido de apoio, por parte do governo estadual do Rio de Janeiro, para realização da operação. O ministro Rui Costa entrou em contato com o governador Cláudio Castro e comunicou a disponibilidade de vagas em presídios federais para receber os presos. Além disso, solicitou a realização de uma reunião de emergência na capital fluminense, com participação dele e do ministro Ricardo Lewandowski, nesta quarta-feira (29)."
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