Gleisi cobra inclusão do governo federal em planejamento de operação no Rio: 'Vai servir só para oferecer armas?'
A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, afirmou que o governo federal deveria ter sido informado previamente sobre a operação realizada nesta terça-feira no Rio que deixou, pelo menos, 64 mortos. Mais cedo, o governador do Rio, Cláudio Castro (PL), havia criticado o fato de a gestão federal não ceder blindados.
— Numa operação como essa, eles deveriam ter solicitado para que o governo federal, desde o início, participasse do planejamento, avaliasse os riscos, colocasse a inteligência. Mas isso não aconteceu.O governo federal vai servir só para oferecer armas? — questionou Gleisi, após a realização de uma reunião de emergência no Palácio do Planalto sobre o assunto que terminou no começo da noite.
A reunião teve a participação do presidente em exercício, Geraldo Alckmin, de Gleisi, dos ministros Rui Costa (Casa Civil), Jorge Messias (Advocacia Geral da União) e Macaé Evaristo (Direitos Humanos), e de representantes do Ministério da Defesa, da Polícia Federal, e do Exército. O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, participou por telefone. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que estava em voo da África do Sul (onde fez escala no retorno da viagem à Ásia), não participou das decisões tomadas.
A ministra das Relações Institucionais conta que na reunião os representantes das forças de segurança federais relataram não terem sido informados previamente sobre a operação no Rio.
— Todo mundo estava surpreso com a operação que foi realizada hoje, uma operação dessa magnitude.
Gleisi entende que ofensivas policiais como a desta terça-feira no Rio precisam ter a participação do governo federal.
— Para ter sucesso, operações grandes como essa tem que ser integrada com participação do governo federal. Tem que ser planejada. Por isso, a gente propôs a PEC da segurança pública porque prevê a integração das forças de segurança, o uso da inteligência.
A ministra ainda ressaltou que o governador do Rio nunca solicitou ao governo federal a decretação de Garantia da Lei da Ordem (GLO), operação por meio da qual as Forças Armadas Brasileiras, de forma provisória, exercem atividades de segurança pública. No meio da tarde, Castro telefonou para Gleisi e, segundo ela, reconheceu que não fez pedidos de GLO nem de equipamentos para a operação desta terça-feira.
— O que ele pediu foram equipamentos. Ele não pediu GLO, teria que ter pedido. Como o governo vai intervir e fazer uma GLO em uma situação que não é pedida? Não é uma coisa simples.
Em entrevista à imprensa nesta terça-feira, Claúdio Castro disse que pedidos de empréstimos de blindados foram negados pelo governo federal.
— Já entendemos haver uma política de não ceder. Disseram que precisa de uma Garantia de Lei e Ordem (GLO). Depois disseram que poderiam emprestar e voltaram atrás porque o servidor que opera o veículo é federal e deveria ter o GLO, enquanto o presidente é contra a GLO. Entendemos que a realidade é essa e não vamos ficar chorando pelos cantos — afirmou o governador.
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