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Futuro em risco: o que a crise climática e a violência revelam sobre Salvador

26/10/2025 05:02 A Tarde - Política

Na terceira semana de outubro, tradicionalmente, a Bahia já está em clima de verão. Mas este ano a chegada de uma frente fria nesse período deixou janelas soteropolitanas tremulando, com ventos de até 60 km/h, que espalharam pela paisagem da capital uma chuva gelada típica de inverno.Açoitado pelo mau tempo, um ferry-boat que faz a travessia Salvador-Bom Despacho balançou tanto na Baía de Todos-os-Santos que a água do mar atingiu os automóveis no interior da embarcação. O gigantesco navio de cruzeiro MSC Preziosa, com seus 333 metros de comprimento e mais de 139 mil toneladas, precisou aguardar um dia para atracar no Porto de Salvador. A água que desabou do céu entre segunda e terça-feira, 122 milímetros, era o que se esperava para todo o mês e provocou transtornos em toda a cidade.Ao longo dos próximos anos, a intensificação desses fenômenos, que os cientistas atribuem às mudanças climáticas causadas pela ação humana, pode trazer a Salvador consequências que vão além de atrasos no sistema de transporte e de gripes e resfriados.A arquiteta, urbanista e consultora Liliane Hobeica explica, por exemplo, que o contínuo encharcamento do solo pode elevar substancialmente as ocorrências de inundações e deslizamentos de terra na capital baiana. "Precisamos entender os riscos a que estamos sujeitos com as mudanças climáticas", afirma a doutora em Território, Riscos e Políticas Públicas pela Universidade de Coimbra, em Portugal.A pesquisadora enfatiza que as ameaças ao solo podem aumentar em caso de eventos extremos, seja excesso de chuva, seja uma severa escassez hídrica. E aponta como fonte de preocupação o tamponamento de rios e canais. "Hoje em dia, no mundo afora, o que estão fazendo é descanalizar os rios. A água sempre tem o seu lugar. Uma hora que tenha uma chuva que exceda, ou ela rompe a tubulação ou ela extrapola e cria problemas de alagamento", explica Liliane.Outro dado apresentado pela pesquisadora diz respeito às chamadas ilhas de calor, as partes de uma cidade que em função do tipo de urbanização apresentam uma temperatura mais elevada do que outros bairros da mesma cidade. "Entre 2000 e 2018, morreram mais pessoas pelo calor do que por deslizamentos de terra", declara a professora.A pesquisadora destaca que há um grupo de servidores públicos municipais trabalhando com a questão da crise climática. "Salvador tem o Plano de Mitigação e Adaptação às Mudanças do Clima (PMAMC) e uma estratégia de resiliência. Esses documentos estão acessíveis online, mas o plano nunca virou lei", declara a urbanista da FFA Arquitetos, que presta consultoria a seis municípios brasileiros, incluindo Ilhéus.



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TemasA crise climática é um dos temas da 15ª edição do Seminário de Urbanismo da Bahia o urbBA[25] , que acontece de 3 a 5 de novembro. O evento promovido pelo grupo de pesquisa Lugar Comum reúne autoridades de seis unidades da federação e vai discutir também violência e democracia."A gente acredita que essas três que

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