
Funcionário encontra santinha e cruz em carro soterrado na BR-448, onde jovem foi salva por cápsula de sobrevivência: 'poderia estar em qualquer lugar'
Funcionário encontra santinha e cruz em carro soterrado na BR-448, em Porto Alegre
Arquivo pessoal
O coordenador logístico Júnior Visoto, que estava no local do acidente que deixou jovem soterrada por duas horas na BR-448, em Porto Alegre, relata ter encontrado uma santinha e uma cruz entre os destroços do carro de Eduarda Corrêa, de 23 anos. Os objetos religiosos estavam próximos à porta do veículo, junto a outros pertences pessoais, como um guarda-chuva e um crachá.
“Me chamou a atenção, porque essa santinha poderia estar em qualquer lugar, e estava ali meio que à vista”, comenta.
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Eduarda estava em um carro de passeio, em uma curva, quando uma carreta tombou sobre o veículo na última terça-feira (7). A carga de serragem soterrou a motorista. O coordenador Visoto chegou ao local após o acidente, representando a empresa responsável pela carreta de transporte de cargas.
Segundo especialistas, uma estrutura reforçada do veículo, conhecida como "célula de sobrevivência", foi decisiva para evitar a compressão total do carro. O tipo de carga, leve e porosa, também contribuiu para a formação desse espaço vital. (entenda, abaixo, como é a estrutura)
Entenda como funciona 'cápsula de sobrevivência' que salvou jovem soterrada no RS
Na quarta-feira (8), Eduarda deu entrada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Nora Teixeira, onde permanece estável e deverá ter alta nos próximos dias para a Unidade de Internação do Hospital. Segundo o noivo, Gabriel Zanettin, uma alteração em uma enzima detectada nos exames de sangue demanda acompanhamento e hidratação para proteger os rins.
Gabriel chegou a ir até o local do acidente após ser acionado por Eduarda, que se manteve lúcida e também fez contato com o pai por telefone. A jovem não teve fraturas expostas nem perfurações.
"A gente achou o carro pelo retrovisor no meio da serragem. Tentei tirar o máximo que dava até os profissionais chegarem”, relembra Gabriel.
Eduarda Corrêa, 23 anos, ficou presa em carro após ter carga de serragem soterrar veículo em Porto Alegre
Maria Eduarda Ely/RBS TV e Arquivo Pessoal
Externamente, o carro em que ela estava ficou completamente destruído.
O trabalho de resgate envolveu equipes do Samu, Brigada Militar e Corpo de Bombeiros. O coordenador logístico Visoto afirmou que pretende devolver todos os itens à jovem, mas, até a publicação desta reportagem, não tinha conseguido contato com ela.
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Célula de sobrevivência
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A chamada "célula de sobrevivência" é uma estrutura formada por colunas e portas com proteção reforçada. Foi esta condição que absorveu o impacto e evitou a compressão total do veículo, conforme explica Ricardo Hegele, médico especialista em medicina do tráfego e presidente da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego no Rio Grande do Sul (Abramet-RS):
“Essa sobrevivência da motorista se deu por umas circunstâncias especiais. O tombamento ocorreu sobre um veículo com habitáculo de proteção. Essa célula é reforçada e protege os ocupantes em casos de capotamento”, diz.
Os vidros fechados também cooperaram a sobrevivência da jovem ao criarem uma bolha de ar, o que permitiu que a motorista continuasse respirando. Além disso, o fato de a carga ser de serragem, um material menos denso, também contribuiu.
"É um material leve e poroso, que não adentrou totalmente no veículo. Isso ajudou a formar uma bolha de ar, que ajudou a mantê-la viva. E um veículo com os vidros todos fechados, com essa bolha de ar que permanece dentro, pode manter uma pessoa viva por 30 a 60 minutos em média", completou Hegele.
Infográfico: veja como funciona a 'cápsula de sobrevivência' em carros
Arte g1
Segurança veicular
Especialistas apontam que a posição do carro após o impacto e o uso do cinto de segurança foram determinantes. Detalhes milimétricos, como o ponto exato da colisão e a estrutura do veículo, podem definir a sobrevivência em situações como a do acidente em Porto Alegre.
Em colisões fortes, o corpo humano sofre desaceleração violenta. Sistemas como airbag e cinto de segurança atuam para controlar esse movimento. Carros mais modernos contam com segurança ativa: em desacelerações bruscas, cintos e portas são travados e os vidros fechados automaticamente.
"A parte onde estão motorista e carona é uma cápsula de segurança. O motor é projetado para se soltar em batidas fortes, evitando que entre no habitáculo", explicou o engenheiro mecânico Anderson de Paulo.
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