
Falta neve: mudanças climáticas fazem competição de biatlo adotar rodas em esquis
Diante das mudanças climáticas e dos invernos cada vez mais amenos, o biatlo está explorando a pista de testes com esquis inline, com um festival neste fim de semana no Parque Olímpico de Munique e sua primeira competição oficial organizada pela federação internacional. Nesta segunda quinzena de outubro, a grama do Parque Olímpico de Munique está verde e as folhas das árvores exibem toda a gama de cores do outono, do amarelo ao laranja.
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Mas nem um único centímetro quadrado é branco. A neve pode chegar em algumas semanas, no inverno, mas o local que sediou os Jogos de 1972 é o palco neste fim de semana de uma competição de biatlo com os melhores atletas do mundo. Os técnicos que costumam preparar os esquis estão desempregados, pois os biatletas andarão em esquis equipados com rodas, e não na neve, como farão em seis semanas em Östersund, na Suécia, para a abertura da Copa do Mundo.
Na neve ou na grama, os princípios são quase os mesmos: um percurso (1,8 km), um campo de tiro (localizado no lago), cinco alvos para atingir e um ringue de penalidade (60 m). Mais de 20 mil espectadores são esperados no domingo.
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Invernos mais curtos
No evento com largada em grupo, um formato mais televisionado, a competição acontece em duas fases: primeiro, quatro baterias de 15 biatletas com três voltas e duas voltas ao redor do campo de tiro, depois uma superfinal com os três primeiros de cada bateria e os três melhores tempos, com cinco voltas e quatro voltas ao redor do campo de tiro.
"O biatlo sempre foi um esporte de inverno, e continuamos a vê-lo dessa forma, mas também queremos nos preparar para a possibilidade de não haver mais neve. Os esquis sobre rodas são uma alternativa", explica Daniel Böhm, ex-campeão olímpico pela equipe alemã de revezamento em 2014 e agora diretor esportivo da Federação Internacional de Biatlo (IBU).
O esqui sobre rodas é praticado há muito tempo, especialmente como preparação durante o verão, mas a competição de Munique é a primeira organizada pela IBU, que quer torná-la seu evento de abertura da temporada.
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Embora o formato e o calendário não sejam universalmente aceitos, especialmente durante uma temporada olímpica, o evento tem a virtude de refletir sobre o futuro da disciplina, já que "os invernos tendem a ficar mais curtos ou a se deslocar para outras regiões", diz Böhm.
Retreinamento como esporte de verão
Isso não significa que esse formato será integrado à Copa do Mundo de Biatlo no futuro. "Não acho que chegamos ao ponto em que precisamos fazer isso ainda", estima Böhm.
"Queremos estar preparados caso seja necessário. Temos essa alternativa e podemos desenvolvê-la. Temos sorte de ter um esporte televisivo que encontrou seu público hoje. Acho que ele manteria todo o seu apelo mesmo se tivéssemos que nos tornar um esporte de verão com esquis sobre rodas. O esporte continua o mesmo, as regras continuam as mesmas, haveria o mesmo suspense", argumenta o biatleta francês Emilien Jacquelin.
"Não há muitos esportes de inverno que possam ser reciclados em esportes de verão; acho que o biatlo é um deles", acrescenta o chefe do biatlo francês, Stéphane Bouthiaux, embora espere que isso aconteça "o mais tarde possível, se não acontecer".
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