
Expande Capão reúne neurociência, cannabis e saberes indígenas na Chapada Diamantina
O Vale do Capão, na Chapada Diamantina, será palco de debates sobre saúde, espiritualidade e consciência. De 20 a 22 de novembro, o Expande Capão reúne pesquisadores, médicos, terapeutas e lideranças indígenas em um fórum que conecta neurociência, cannabis e saberes ancestrais.O evento acontece em paralelo ao festival Capão in Blues e tem entrada gratuita. A proposta é promover um encontro entre ciência moderna e tradições espirituais, com foco em saúde mental, medicinas da natureza e políticas públicas sobre drogas.Entre os palestrantes confirmados está o psicólogo Augusto Vitale Marino, ex-presidente do Instituto de Regulação e Controle da Cannabis (IRCCA) do Uruguai, que liderou o processo de legalização da maconha no país. Ele participa de uma mesa sobre políticas públicas e saúde coletiva.O neurocientista Dráulio Barros de Araújo, professor do Instituto do Cérebro da UFRN, apresentará resultados de estudos sobre os efeitos terapêuticos da ayahuasca e DMT no tratamento da depressão. Já a médica Mariane Ventura, especialista em Cannabis Medicinal, discutirá a integração entre medicina ancestral e ciência moderna.“A medicina ancestral, que a humanidade conhece há tanto tempo, foi silenciada pelo proibicionismo, mas hoje vive uma reviravolta científica e regulatória. Pensar a cannabis e outras medicinas da natureza é também pensar em meio ambiente, justiça social e direitos humanos. Não existe cura desconectada da terra e do ecossistema que nos sustenta”, afirma.
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Também integra a programação o indigenista Jairo Lima, do Instituto Yorenka Tasorensti, que atua há mais de 30 anos no Acre. Ele deve apresentar o conceito de biocultura, que conecta espiritualidade, território e saúde mental. “Um ponto importante é essa nova abordagem da ayahuasca no contexto indígena, enquanto conceito de biocultura é a construção do indivíduo em coletividade estruturada a partir de uma planta mestra. Isso nos faz refletir sobre os marcos psiquiátricos ou psicológicos da saúde mental e como essas substâncias interagem quando olhamos pela perspectiva das bioculturas, e não apenas como enteógenos ou substâncias psicoativas”, explica.Entre as vozes indígenas femininas, o evento recebe Adana Omágua Kambeba, primeira médica do povo Kambeba, e Daiara Hori Figueroa Sampaio (Duhigô), artista e ativista do povo Tukano. Adana destaca o papel das medicinas tradicionais no cuidado à saúde. “É sobre trazer um diálogo intercultural entre a ciência indígena e a ciência ocidental, reconhecendo as medicinas da floresta como uma ciência de alta tecnologia da natureza e dos povos indígenas", destaca.Com curadoria de Marco Algorta e Diogo Busse, o Expande Capão é uma realização da Viramundo Produções, com patrocínio da aLeda e apoio da Prefeitura de Palmeiras.
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