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Ex-secretária, marido e veterinária fizeram eutanásias de centenas de animais para reduzir custos e bater metas em Canoas, conclui a polícia

28/10/2025 09:59 G1 RS

Mulher é suspeita de eutanasiar cães resgatados após usá-los para receber doações no RS
A Polícia Civil indiciou a ex-secretária de Bem-Estar Animal de Canoas, o marido dela e a veterinária que era responsável técnica da pasta por um esquema de eutanásia de animais para reduzir custos da prefeitura com o tratamento dos animais e bater metas.
🔍 A eutanásia é um procedimento que, na medicina veterinária, é usado em casos onde o animal em tratamento de saúde não tem chances de recuperação.
Pelo menos 498 animais foram mortos em 8 meses, "uma matança desmedida", segundo a polícia. No mesmo período de 2024, quando o secretário era outro, foram 354, mesmo diante da demanda gerada pela enchente que atingiu o RS.
Paula Lopes foi indiciada por associação criminosa, maus-tratos e falsidade ideológica – ela foi exonerada do cargo; Marcelo Vieira, por associação criminosa – mesmo sem cargo público, prestava serviços na secretaria; e Tainara Harth por falsidade ideológica, maus-tratos e associação criminosa – ela é uma funcionária terceirizada e foi afastada da função pela prefeitura. Todos respondem pelos crimes em liberdade.
O g1 e a RBS TV tentam contato com os advogados responsáveis pelas defesas dos três.
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De acordo com a delegada Luciane Bertoletti, responsável pela investigação, "eutanásias eram realizadas de forma sistemática e sem qualquer critério dentro da Secretaria de Bem-Estar Animal de Canoas".
"A finalidade era financeira. Havia uma vontade de diminuir custos e aumentar atendimentos, exames e procedimentos dentro da secretaria para atingir metas. Tratar um cachorro é muito mais custoso que eutanasiá-lo", afirma a delegada Luciane.
Provas obtidas pela Polícia Civil indicam que havia pressão para sacrificar animais que poderiam ser tratados e que os profissionais da pasta eram orientados a preencher atestados de óbito de forma irregular.
Por exemplo: foram feitas eutanásias em gatos diagnosticados com FIV (HIV felina) ou FELV (leucemia felina) mesmo quando havia possibilidade de tratamento. O mesmo era feito em cães com cinomose. Houve o caso de um cão com fraturas múltiplas que teve os membros amputados em vez de passar pela cirurgia ortopédica indicada. Além disso, atestados de óbito de animais mortos via eutanásia eram distribuídos para que veterinários assinassem.
A investigação também sinaliza que deixar em branco a data da morte dos animais era uma prática recorrente, e que o objetivo disso seria criar a aparência de que teriam passado por algum tipo de tratamento antes de serem mortos.
"Não existiam documentos de 2025 [sobre os tratamentos e mortes]. Eles (os indiciados) sumiram com esses documentos de forma proposital", diz a delegada Luciane.
Suspeita de usar animais resgatados para obter doações nas redes sociais
Quem é a ex-secretária de Canoas suspeita de determinar eutanásia de cães após usá-los para receber doações no RS
Reprodução/redes sociais
A Polícia Civil suspeita que a ex-secretária teria resgatado animais, usado cães nas redes sociais para obter doações e, então, determinado a eutanásia deles.
Conforme a delegada Luciane, a polícia já tinha indícios de uma alta quantia movimentada nas contas bancárias de Paula. A suspeita é de que os valores depositados a título de doação para ajudar animais resgatados por ela e postados nas redes sociais seriam usados em proveito próprio.
"As protetoras de animais nos relatam que é muito dinheiro gasto com o tratamento de bichos, e nos estranha o fato de ter dinheiro em casa enquanto ela pedia nas redes sociais. Queremos saber exatamente a origem desses valores", afirma Bertoletti.
Ela se refere ao fato de terem sido encontrados R$ 100 mil em espécie na casa da ex-secretária durante cumprimento de mandado de busca e apreensão em setembro deste ano.
Quem é a ex-secretária
Paula Lopes, em pronunciamento na internet
Reprodução/Redes sociais/Instagram
A ex-secretária de Bem-Estar Animal da prefeitura de Canoas, Paula Lopes assumiu a secretaria em 1º de janeiro deste ano. Segundo a prefeitura, "a escolha se deu com base em sua atuação em prol da causa animal".
"Como ativista, tinha reconhecimento público e em redes sociais como alguém que trabalhava com respeito e dedicação aos animais", disse a prefeitura por meio de nota.
Ela foi exonerada do cargo em 18 de agosto deste ano.
Em postagem nas redes sociais durante a investigação da Polícia Civil, ela alegou que as denúncias são reflexo do envolvimento dela com a política.
"O meu objetivo sempre vai ser ajudar os animais. Mas isso incomoda quem usa essa pauta. Quem me conhece (...) Eu aceitei esse desafio em janeiro deste ano e desde lá virou esse caos. Desde quando eu entrei. Os números estão aí e, assim que eu puder, eu vou divulgar para vocês as verdades", disse.
A protetora de animais é fundadora do Instituto Paula Lopes que, por meio das redes sociais, se propõe a ajudar "a mudar histórias".
Nos seus perfis, pessoal e do instituto, publica fotos e vídeos do tra

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