EUA confirmam redução de tropas no Leste Europeu; Otan diz que 'ajuste' não afeta segurança da aliança
As Forças Armadas dos EUA confirmaram uma redução no contingente militar americano na Romênia, país crucial para a defesa da Otan, a principal aliança militar do Ocidente, no Leste Europeu. A decisão havia sido antecipada pelo governo romeno, e embora envolva um número relativamente pequeno de soldados, ela envia, na opinião de analistas, um sinal preocupante para seus aliados.
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Em comunicado, o comando militar americano para a Europa e a África, baseado na Alemanha, afirmou que uma brigada baseada na Romênia retornará aos EUA, “conforme programado”, e que não haverá substituição por outras forças.
“Isso não representa uma retirada americana da Europa nem um sinal de menor comprometimento com a Otan e o Artigo 5”, afirma o texto, citando o artigo do tratado que rege a aliança que é a base da política de defesa mútua da aliança. “Pelo contrário, é um sinal positivo do aumento da capacidade e da responsabilidade europeias.”
Mais cedo, o Ministério da Defesa da Romênia confirmou a saída da brigada, que corresponde a uma redução de cerca de 800 militares, cerca da metade do contingente americano hoje no país, formado por 1.700 homens e mulheres, e que a decisão se devia a uma “guinada rumo à região Indo-Pacífica” de Washington. Contudo, o governo romeno e o comando militar americano reiteraram que isso não afeta “o ambiente de segurança na Europa”, e que os EUA “mantêm uma presença robusta” no continente.
— Nossa parceria estratégica é sólida, previsível e confiável — disse o ministro da Defesa da Romênia, Ionut Mosteanu, em entrevista coletiva.
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Hoje, há cerca de 100 mil militares americanos na Europa, e um representante da Otan, citado pela AFP, reiterou que o retorno da brigada não foi “excepcional”, pontuando que o número de forças no continente “é o maior em anos, com mais tropas do que antes de 2022”, ano em que começou a invasão russa da Ucrânia.
Um ponto central do discurso do presidente Donald Trump sobre a aliança militar diz respeito aos gastos e ao papel americano na defesa coletiva: Washington quer que os demais membros elevem seus gastos militares— recentemente, eles concordaram com um patamar de 5% do PIB com Defesa —, e que a Europa “seja mais responsável” por sua própria segurança.
No começo do ano, foram revelados planos sobre uma redução brusca, de quase 20% do total, no contingente americano na Europa, correspondente a quase 20 mil militares. Para governos europeus, especialmente no Leste Europeu, a proposta veio acompanhada pelo temor de uma retirada abrupta, sem aviso prévio, causando lacunas na capacidade defensiva da aliança.
No comunicado, o comando militar regional dos EUA disse que ainda mantém “a capacidade de mobilizar forças e recursos” locais, de “apoiar as prioridades americanas, incluindo o compromisso do presidente Trump de defender os aliados da Otan”.
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Embora numericamente pequena, se comparada ao total de tropas, a decisão de reduzir as forças americanas na Europa envia, na opinião de analistas, “maus sinais” à região. Em entrevista à AFP, George Scutaru, ex-assessor de Segurança Nacional da Presidência romena, Moscou pode ver a decisão como uma prova de que “o Mar Negro não é tão importante para os interesses americanos na Europa”. Com 245 km de litoral no Mar Negro, a Romênia é crucial para a defesa de corredores de transporte marítimos, e para o transporte de armamentos para as forças ucranianas.
Para Scutaru, a redução do contingente serve como um incentivo para que o Kremlin “exerça mais pressão” contra os países da região. Como resposta, ele acredita que os países europeus deveriam enviar um “sinal de solidariedade" e pensar seriamente em reforçar sua "presença militar para compensar".
— Mil soldados a mais ou mil a menos não influenciam muito o equilíbrio militar no Mar Negro. Trata-se de um sinal político — afirmou à AFP.
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