Etarismo, idadismo ou ageísmo: qual é o certo?
Etarismo, idadismo ou ageísmo? De acordo com a pesquisadora Mirian Goldenberg, antropóloga e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), os três termos estão corretos e podem ser usados para definir o preconceito ou a violência contra pessoas devido à idade. Segundo ela, jovens também podem ser vítimas — por exemplo, numa seleção para emprego, quando candidatos mais novos poderiam ser descartados por suposta falta de experiência. Neste domingo, no entanto, a redação do Enem 2025, sobre envelhecimento da população brasileira, as expressões deveriam ser utilizadas como preconceito contra idosos.
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Apesar das três opções, Goldenberg adota em seus trabalhos uma quarta denominação:
— Etarismo é o mais comum; idadismo tem começado a ser usado por ser considerado mais claro e é tão correto quanto; já ageismo é um estrangeirismo, que vem de "age" ("idade" em inglês), mas também está certo — afirma. — Eu prefiro velhofobia, que diz logo a que veio, o que é muito importante no Brasil, um país extremamente velhofóbico.
Velhos mais visíveis
O primeiro dia de aplicação do Enem 2025 propôs, além de 90 questões objetivas, uma redação com o tema 'Perspectivas acerca do envelhecimento na sociedade brasileira'. De acordo com a pesquisadora, é "maravilhoso uma prova feita por estudantes em sua maioria adolescentes propor um tema sobre envelhecimento".
— Isso mostra como os problemas enfrentados pelos velhos brasileiros estão mais visíveis do que nunca — prossegue. Goldenberg afirma, também, que o tema reflete o processo de mudança etária da população brasileira, que tem se tornado cada vez mais velha.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 37,8% da população brasileira deverão ser pessoas de 60 anos ou mais até 2070. O instituto também verificou em 2023 que o número de idosos no país ultrapassou, pela primeira vez na história, o número de jovens de 15 a 24 anos.
— Durante muito tempo, se dizia que o Brasil é um país de jovens. Não mais — afirma Goldenberg.
A estudiosa diz ainda que o tema pode servir para sensibilizar jovens que, mesmo sem perceber, cometem atos de preconceito contra pessoas idosas.
— Cinquenta e um por cento dos casos de violência contra idosos acontecem dentro de casa e são cometidos por familiares, como filhos, netos, genros e noras — afirma. — Discutir o assunto pode levar o jovem a perceber o que faz.
* Estagiário sob supervisão de Daniela Dariano
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