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Emissário russo chega aos EUA para conversas com governo Trump, um dia após anúncio de sanções a Moscou

24/10/2025 19:21 O Globo - Rio/Política RJ

O principal negociador econômico do Kremlin, Kirill Dmitriev, chegou nesta sexta-feira aos Estados Unidos, onde deve se reunir com representantes do governo do presidente Donald Trump nos próximos dias. A visita ocorre após a imposição de sanções americanas contra as duas maiores petrolíferas russas, a Lukoil e a Rosneft, como forma de pressionar o líder russo, Vladimir Putin, a negociar o fim da guerra na Ucrânia.
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Em publicação na rede social X, Dmitriev afirmou que a viagem estava planejada “há algum tempo”, a partir de um convite feito pelos Estados Unidos, acrescentando que o diálogo entre as duas maiores potências nucleares do planeta é “vital para o mundo e deve continuar com a plena compreensão da posição da Rússia e o respeito pelos seus interesses nacionais”.
— O potencial para cooperação econômica com a Rússia permanece, mas somente se os interesses da Rússia forem respeitados — reiterou em conversa com jornalistas, em Nova York, citado pela agência RIA. — Continuaremos as discussões com o lado americano, comunicando claramente a posição da Rússia.
Na semana passada, pouco antes de um encontro com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, na Casa Branca, Trump conversou por mais de duas horas com Putin, e ambos concordaram com uma reunião presencial em Budapeste, em data a definir, e destacaram a necessidade de dialogar sobre as relações econômicas entre Rússia e EUA no pós-guerra.
Uma estação de bombeamento da Rosneft PJSC na Rússia
Andrey Rudakov/Bloomberg
Mas rapidamente o otimismo de Trump se transformou em ceticismo. Durante as conversas preparatórias entre o secretário de Estado, Marco Rubio, e o chanceler russo, Sergei Lavrov, ficou claro que o Kremlin não abriria mão de obter primeiro um acordo de paz, e só depois pausar os combates. Inicialmente, Trump disse que o encontro estava suspenso, mas na quarta-feira o cancelou. Segundo a imprensa americana, a sequência de ataques aéreos russos contra a Ucrânia, que atingiram um jardim da infância na quinta-feira, também incomodaram o republicano.
Um dia depois, vieram as sanções contra a Lukoil e a Rosneft, as duas maiores empresas do setor petrolífero russo, e que respondem por 5% de toda a produção global de petróleo. Foi a primeira vez que Trump, em seu segundo mandato, aplicou sanções contra a Rússia ligadas à guerra na Ucrânia. Putin reconheceu que as medidas, que congelam bens em instituições americanas e dificultam transações, poderão ter algum impacto sobre sua economia, mas que ele não iria ceder.
— Este é um ato hostil contra a Rússia e não fortalece as relações entre a Rússia e os Estados Unidos, que apenas começaram a ser restauradas — disse Putin. — Mas nenhum país que se preze e nenhum povo que se preze jamais decide nada sob pressão.
Em Nova York, Dmitriev também tentou amenizar os impactos das sanções
— Elas simplesmente levarão a preços mais altos nos postos de gasolina nos EUA . Porque, consequentemente, os preços do petróleo já subiram e continuarão subindo — afirmou, citando a alta de 5% do preço do barril nas horas que sucederam o anúncio das medidas.
O emissário russo ainda culpou a Ucrânia e seus aliados europeus pela demora nas negociações sobre um cessar-fogo.
— Informaremos nossos colegas americanos que a Ucrânia , infelizmente, está interrompendo o diálogo necessário, e está interrompendo-o novamente a pedido dos britânicos, a pedido dos europeus, que querem que o conflito continue — disse Dmitriev. — Também vemos um grande número de tentativas por parte de nossos colegas europeus, por parte da Grã-Bretanha, de interromper qualquer diálogo direto entre a Rússia e os Estados Unidos , qualquer diálogo direto entre o presidente Putin e o presidente Trump.
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Apesar do clima nada ameno, a chegada de Dmitriev a Washington mostra que Trump e Putin não querem quebrar o canal de diálogo criado após o retorno do republicano à Casa Branca. De acordo com o portal Axios, o enviado russo deve se encontrar com o principal negociador de Trump, Steve Witkoff, no sábado em Miami — Witkoff é um dos envolvidos nas negociações, até agora infrutíferas, sobre um acordo para a guerra, e se reuniu com Dmitriev em abril, na capital americana.
Uma das tarefas complexas do enviado russo será manter o interesse de Trump em um novo encontro com Putin. No último, em agosto, o republicano saiu sem um esperado acordo de cessar-fogo, enquanto o russo deixou o Alasca com o argumento de que, apesar do que dizem os europeus, ele não está completamente isolado no cenário internacional. Oficialmente, o Kremlin diz que as preparações para a cúpula seguem em curso.
Na semana passada, antes do anúncio da visita e das sanções, Dmitriev propôs a

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