
Deputado admite ter usado apelido da Odebrecht para xingar Gleisi, mas depois tenta negar
O deputado Gilvan da Federal (PL-ES) tentou se explicar nesta terça-feira, no Conselho de Ética da Câmara, no processo que analisa a cassação de seu mandato por ter usado em plenário o apelido “Amante” — o mesmo que aparece ao lado do nome de Gleisi Hoffmann na lista da Odebrecht — para chamá-la de prostituta. Apesar de reconhecer o uso do apelido, caiu em contradição ao negar a intenção de ofendê-la.
— Fui suspenso três vezes, de forma cautelar, por conta da comissão de segurança. Amante, em primeiro lugar, não é uma qualificação boa, mas quem colocou o apelido foram os empresários da Odebrecht. Em momento algum me referi à deputada e hoje ministra Gleisi Hoffmann — disse.
A declaração, porém, contrasta com o que ele próprio afirmou na sessão, ao dizer que a ministra não deveria se ofender com o apelido, por nunca ter assumido publicamente o codinome “Amante”.
Em abril deste ano, Gilvan declarou:
— Na época em que esse ex-presidiário (o presidente Lula) foi preso, eu estava na Polícia Federal, e chovia ataque à PF pelo pessoal do PT. Por exemplo, da então senadora Gleisi Hoffmann. Hoje elogiam a PF porque temos um diretor-geral petista. Na Odebrecht, existia uma planilha de pagamento de propina a políticos. Eu citei aqui o nome “Lindinho” e “Amante”, que devia ser uma prostituta do caramba. Teve até deputado que se revoltou. Ou seja, a carapuça serviu — afirmou o parlamentar.
O processo contra Gilvan apura quebra de decoro por declarações ofensivas à petista. Ele chegou a ter o mandato suspenso, mas agora o conselho analisa uma possível cassação. A expectativa é de que parecer seja votado até o final do mês. O deputado, ligado à base bolsonarista, alega ser vítima de perseguição política e sustenta que suas falas estão protegidas pela imunidade parlamentar.
O caso de André Janones (Avante-MG), que responde por suspeita de rachadinha no gabinete, ficou para a próxima semana, após o relator, Gabriel Nunes (PSD-BA), ter faltado à sessão.
Na semana passada, o colegiado também adiou por mais uma semana a votação do parecer que recomenda o arquivamento da representação contra Eduardo Bolsonaro (PL-SP). O relator, Delegado Marcelo Freitas (União-MG), rejeitou a queixa do PT, que acusa o deputado de ter extrapolado os limites do mandato ao atuar no exterior em defesa de medidas “hostis às autoridades brasileiras”.
Os três processos integram as vinte representações que tramitam hoje no Conselho de Ética.
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