De Honda a Mercedes-Benz: montadoras globais reduzem produção por falta de chips
Montadoras ao redor do mundo estão planejando reduzir a produção, após a escalada de um conflito diplomático entre a Holanda e a China envolvendo a fabricante de chips Nexperia, empresa chinesa de semicondutores com sede nos Países Baixos. O conflito levou a um congelamento de exportações da empresa, que ameaça interromper as cadeias de suprimentos da indústria.
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A Honda afirmou que cortou ou suspendeu a produção esta semana em algumas fábricas na América do Norte como medida diante da falta de chips, que decorre do bloqueio da China à Nexperia — controlada pela chinesa Wingtech — de exportar produtos fabricados em suas plantas locais. A medida foi retaliatória, após o governo holandês assumir o controle da Nexperia sob poderes de emergência para proteger a produção estratégica.
A Honda está ainda reduzindo pela metade a produção em sua fábrica no Canadá, onde fabrica os sedãs Civic e os SUV CR-V, enquanto a planta no México foi fechada na terça-feira, segundo porta-vozes.
Montadoras europeias podem precisar interromper a produção em poucos dias, alertou a principal associação da indústria em comunicado na quarta-feira. As montadoras do continente estão contando com estoques cada vez menores para evitar o fechamento das fábricas, segundo a Associação Europeia de Fabricantes de Automóveis. A Mercedes-Benz, da Alemanha, disse na quarta-feira que tem chips da Nexperia suficientes para o curto prazo.
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A Volkswagen alertou na quinta-feira que precisaria de suprimentos suficientes de semicondutores para atingir suas metas financeiras deste ano, aumentando os desafios para a maior montadora da Europa. Embora a dona da Audi e da Seat tenha garantido componentes suficientes para manter suas fábricas alemãs funcionando na próxima semana, não pôde descartar interrupções na produção depois desse período.
A montadora pode registrar lucro operacional, excluindo provisões, na faixa superior de 2% a 3% para o ano, disse o diretor financeiro Arno Antlitz em conferência com analistas. Ele acrescentou que o fluxo de caixa líquido do setor automotivo, indicador-chave da saúde financeira, também pode ser positivo.
Separadamente, na Alemanha, a Aumovio — fabricante de autopeças desmembrada da Continental AG neste ano — afirmou na quinta-feira que está se preparando para a possibilidade de trabalho de curto prazo em sua unidade em Villingen, na Alemanha, devido aos gargalos no fornecimento de chips.
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Nos EUA, a Associação de Fabricantes de Motores e Equipamentos (MEMA) disse que as fábricas de veículos americanas estão a semanas de sofrer “impactos significativos” na produção caso a disputa com a Nexperia não seja resolvida.
A Nexperia fabrica semicondutores usados em sistemas de controle de veículos, como acionamento de limpadores de para-brisa e abertura de vidros.
O conflito ocorre em meio a uma disputa comercial mais ampla, que levou a China a endurecer requisitos de exportação de terras raras e materiais para baterias, essenciais para veículos elétricos. Xi Jinping e Donald Trump se encontraram para negociações bilaterais na quinta-feira, levantando expectativas de um acordo entre os dois países que restauraria as cadeias globais de suprimentos, abrangendo desde móveis até chips.
Enquanto isso, a Wingtech afirmou que a intervenção “impensada” do governo holandês prejudicou as operações da Nexperia e alertou que a disputa pode afetar os negócios da empresa na Europa.
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“Somente ao restaurar o pleno controle e os direitos de propriedade aos acionistas e à gestão legítimos da empresa, e cessar a interferência política na governança corporativa, o governo holandês poderá começar a reparar os danos à sua reputação, desescalar tensões internacionais e proteger a segurança econômica europeia”, disse um porta-voz da Wingtech em comunicado por e-mail.
O CEO da Ford, Jim Farley, chamou o conflito com a Nexperia de “questão política” e afirmou que abordou o tema com autoridades durante viagem a Washington na semana passada.
A CEO da General Motors, Mary Barra, disse aos investidores que as restrições de chips “têm potencial de impactar a produção”, enquanto a Stellantis NV afirmou em comunicado que está “colaborando com a Nexperia e outros fornecedores para avaliar impactos potenciais e desenvolver medidas de mitigação”.
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A Toyota, a maior montadora do mundo, disse que até o momento a paralisação das exportações da Nexperia teve efeito limitado na produção.
— A Toyota não foi profundamente afetada neste momento — afirmou o CEO Koji Sato na quarta-feira. Ainda assim, ele alertou que o risco existe, a
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