Dado Schneider explica como a geração Z muda as regras do mundo do trabalho
A geração Z desafia velhos modelos de liderança, carreiras lineares e relações hierárquicas nas empresas. Nascida em meio à internet e às redes sociais, é a primeira geração 100% digital, impaciente com burocracias e avessa à obediência cega. “Ela não olha mais de baixo para cima, olha no mesmo plano”, observa o palestrante e pesquisador Dado Schneider, especialista em mudança e cooperação entre gerações, nesta entrevista exclusiva ao A TARDE.Criador da marca ‘Claro’ e autor dos livros O mundo mudou… Bem na minha vez! e Desacomodado, Dado será o palestrante da abertura do FDC25 – Fórum do Comércio 2025, no dia 30 de outubro, das 14h às 15h, na Casa do Comércio, com o tema “Futuros Desejáveis: Desenvolvendo o Ambiente de Negócios”.Para Dado, compreender o perfil das novas gerações não é uma escolha, mas uma questão de sobrevivência institucional, em um cenário em que pessoas de diferentes faixas etárias compartilham os mesmos ambientes de trabalho. Saiba mais na entrevista a zseguir.Confira a entrevista completaPor que promover o diálogo entre jovens e veteranos se tornou uma demanda estratégica nas organizações nesse contexto de constante inovação tecnológica?Quando vi que a internet estava mudando o mundo, eu comecei a estudar a geração Z, desde que ela nasceu. E logo cedo descobri que ela tinha uma forma diferente de se relacionar com a autoridade. Ela não olhava mais de baixo para cima, ela olhava no mesmo plano. Por que eu descobri isso? Porque uma pedagoga me disse, quando a minha mulher estava grávida do meu primeiro filho, em 2001. Se abaixe e olhe nos olhos da criança para falar com ela. Quando eu ouvi isso, descobri que vinha ao mundo a primeira geração que não olharia para os pais de baixo para cima. Ela passaria a não olhar para os professores e professoras de baixo para cima e consequentemente não olharia para o seu chefe de baixo para cima. Eu uso a palavra chefe, não uso a palavra líder. Comecei a alertar as empresas já faz mais de 15 anos. Olha, vem aí uma geração que não vai temer a autoridade. Não é que ela não vai respeitar, ela não vai temer a autoridade. Então, a autoridade vai ter que se posicionar de uma outra forma. A autoridade não vai ser mais imposta, vai ser conquistada. É isso que está gerando esse conflito profundo entre as gerações nas organizações.Neste mundo cada vez mais horizontalizado, com você explicou, como as organizações podem promover esse diálogo efetivo entre as diferentes gerações? Quais aspectos devem priorizar nesse processo?Quando descobri que isso aconteceria, eu criei um jargão - ‘O mundo mudou… Bem na minha vez!’, que é o nome da minha palestra. Agora, estou com um mantra novo: ‘A gente vai ter que se entender’. Por quê? Porque não é só um lado que vai ter que ceder. As diferentes gerações vão ter que descobrir um jeito de se integrar, por um simples motivo. Nós não vamos morrer tão cedo e tão fácil. Se hoje temos quatro, cinco gerações no mesmo ambiente de trabalho, daqui a sete, oito, dez anos, teremos seis, sete gerações. Então, a gente tem que começar agora a diminuir esse afastamento e começar a se aproximar. Porque senão, daqui a dez anos, vira Mad Max. Como? Se desarmando. Primeiro, os jovens de hoje são a primeira geração que tem muito a ensinar aos mais velhos. Quando era jovem, não tinha muito para ensinar aos mais velhos. Mas agora o pessoal jovem tem. Na tecnologia digital, na IA, eles são melhores que nós. Temos que seduzi-los e despertar neles interesses, como ética, valores, postura. Isso nós podemos ensinar a eles. Só que a gente aborda de uma forma não interessante. E eles não prestam atenção na gente.
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Aí entra o papel da humildade e da abertura para aprender...Exatamente. Quando a gente era jovem, lá no século XX, a maioria dos chefes não tinha muita consideração. Era assim: você não foi pago para pensar, foi pago para executar. A gente recebeu muita ordem - comando e controle. E a gente tinha que acatar. Só que quando vem essa nova geração Z - e agora a alfa vai ser pior - lidando de forma diferente com os pais dentro de casa, lidando de forma diferente com os professores na sala de aula... Eles chegam no meio de trabalho e não reconhecem essa autoridade de baixo pra cima, feita por coação. Eles têm que aderir. Eu digo: terminou a autoridade por coação e entrou a autoridade por adesão. Ou eles aderem ao que a gente está propondo, ou não vão fazer. E é isso que deixa muitos dos gestores atuais aturdidos. Às vezes o cara tem 35 anos e já não entende o cara de 25. Imagina o de 60 anos.Como você disse, convivemos nas organizações com várias gerações: baby boomers, geração X, millenials (ou geração Y) e geração Z. É possível resumir, em poucas palavras, a
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