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Cotado para relatar CPI diz que colegiado irá mirar 'no colarinho branco e no crime de rua' e critica Lewandowski

01/11/2025 06:30 O Globo - Rio/Política RJ

Autor do requerimento para a abertura da CPI do Crime Organizado, o senador Alessandro Vieira (MDB-SE) afirma que o colegiado vai mirar estruturas que lavam dinheiro de facções e milícias, levando em consideração o “crime de rua” e o “colarinho branco”. O parlamentar critica abertamente o ministro Ricardo Lewandowski (Justiça e Segurança Pública), sobre quem diz “não entender nada” do assunto. Vieira, que é policial e deve ser o relator da CPI, contesta a operação realizada no Rio que deixou 121 mortos na última terça-feira e afirma que o colegiado deve convocar nomes da política, como o governador Cláudio Castro (PL), em momento posterior às audiências com especialistas.
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A CPI começará depois da megaoperação no Rio que deixou mais de 100 mortos. De que forma o colegiado pode abordar o avanço das milícias e facções, além de impedir ações do Estado com alto número de vítimas?
A CPI pretende detalhar o fenômeno do avanço de milícias e facções, além de identificar os estados em que os trabalhos não funcionam, como o Rio. Precisamos dialogar com as autoridades mais altas para criar soluções e apresentar respostas que passam por projetos de lei e um pacto pela segurança pública no Brasil.
A CPI pretende ouvir autoridades do Rio — como o governador, o secretário de Segurança e os comandantes das forças policiais — sobre essa operação ?
Começaremos pelos técnicos envolvidos nas investigações a facções e milícias, depois vamos para a área política. Temos muitos especialistas no Brasil com dados aprofundados. É necessário ouvi-los para não ficarmos na mera guerra de versões, não cairmos no joguete de narrativas políticas.
O governador do Rio, Cláudio Castro, chamou de sucesso uma operação com 121 mortos. Concorda com ele?
Quero entender o real objetivo dessa ação. Se era o cumprimento de mandados de prisão, não foi um sucesso. Se era a retomada do espaço, não houve esclarecimento. Sou policial e não consigo olhar para uma operação que tem quatro colegas mortos e 15 feridos e dizer que foi um sucesso.
Como o senhor avalia a atual política de enfrentamento armado ao crime?
Integração é necessária e para isso não há necessidade de nenhuma PEC (Proposta de Emenda à Constituição). É claro que tudo pode melhorar, com ajustes para dar transparência às operações, por exemplo. Mas, antes de tudo, precisamos de responsabilidade com o tema.
Como avalia as iniciativas do governo?
O governo não tem nenhum projeto para a segurança pública, não tem planejamento. A PEC (da Segurança) não tem conteúdo que vá gerar resultados. A Polícia Federal avança com bom trabalho, é verdade. Está na hora de sair das ações de gabinete e ouvir as forças policiais e comunidades afetadas pela violência. O ministro Ricardo Lewandowski não tem expertise, não entende nada de segurança, ele precisa rever a sua equipe. Não é preciso haver morticínio, mas é necessário ter consciência de que a retomada de territórios requer ações firmes que, sim, podem levar a mortes.
O ministro Fernando Haddad afirma ser preciso combater o “andar de cima”, com operações que interrompam o fluxo de dinheiro do crime organizado. Como a CPI pretende avançar neste ponto?
Um dos pontos em que vamos mirar é o chamado andar de cima, identificando os mecanismos de lavagem de dinheiro, entendendo o fenômeno do crime organizado. Tenho que enfrentar o colarinho branco, o crime de rua e a violência digital. Serão nossos pilares.
A CPI deve ter maioria de titulares da oposição. Como equilibrar o trabalho?
Nunca controlamos uma CPI, mas pedimos para que os partidos indiquem nomes que têm responsabilidade com o tema. É sempre possível que uma CPI seja usada politicamente para atacar governos estaduais ou o governo federal, mas caberá ao presidente e ao relator a condução firme, para enfrentar as estruturas reais do crime organizado.
A CPI pretende investigar a infiltração de milicianos e facções nas instituições de segurança pública?
Em todas as esferas do Estado, o que inclui as instituições de segurança pública e a política.
Qual é a sua avaliação sobre o projeto que equipara facções ao terrorismo?
Não vejo como um projeto necessário. Ele tem impactos no direito internacional, cria brechas para que conflitos com outros países passem a ser considerados. O que precisamos trabalhar é o agravamento de penas para quem integra essas facções criminosas. Facções buscam ganhos financeiros, e não ideológicos e políticos, como organizações terroristas.
O senhor defende que o Congresso estabeleça algum tipo de protocolo nacional para operações em áreas densamente povoadas, como as favelas do Rio?
Não vejo viabilidade para uma regulação estática. Cada planejamento operacional deve respeitar a lei. As perguntas que não foram respondidas na operação do Rio são quais eram os objetivos dessa operação e qual é o próximo passo. Se não há planejamento, toda operação se

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