Condenadas por matar pais e marido, Suzane von Richthofen e Elize Matsunaga têm direito à herança? Entenda
Enquanto a série true crime “Tremembé”, do Prime Video, segue chamando a atenção do público ao contar histórias de pessoas presas por crimes que chocaram o país, algumas dúvidas continuam surgindo nos espectadores. Por exemplo: Suzane von Richthofen e Elize Matsunaga — que são interpretadas na série por Marina Ruy Barbosa e Carol Garcia na produção e foram condenadas por matarem os pais e o marido, respectivamente — têm direito à herança?
'Tremembé': Suzane von Richthofen foi presa por tramar morte dos pais: 'Estraguei minha vida'; relembre
Leia mais: a história real de Poliana e qual crime ela cometeu (chocou até pedófilos...); entenda
Pois bem, a legislação brasileira determina que parte dos bens deixados por alguém deve ser reservada aos herdeiros necessários — como filhos, cônjuges e netos. No entanto, quem comete crimes graves contra o autor da herança, como homicídio doloso, ofensas à honra ou atos que prejudiquem a administração dos bens, pode perder esse direito por ser considerado “herdeiro indigno”, conforme o artigo 1.814 do Código Civil.
Initial plugin text
De acordo com a lei, são excluídos da sucessão os herdeiros ou legatários:
comete ou tenta cometer homicídio doloso contra o autor da herança, seu cônjuge, companheiro, ascendentes ou descendentes diretos;
faz acusação falsa ou pratica crime grave contra a honra do autor da herança, de seu cônjuge ou companheiro próximo;
usa violência física ou meios fraudulentos para impedir que o autor da herança disponha livremente de seus bens em testamento.
A perda da herança, porém, não é automática. É preciso que outro herdeiro ou interessado entre com uma ação judicial pedindo o reconhecimento da indignidade. O acusado tem direito de defesa, e cabe ao juiz decidir se ele será excluído ou poderá participar da partilha dos bens.
Triângulo amoroso
No presídio no interior de São Paulo, Suzane von Richthofen e Elize Matsunaga já protagonizaram um triângulo amoroso. Condenada a quase 17 anos pelo assassinato do marido, em 2012, Elize se aproximou da detenta Sandra Regina Ruiz, conhecida como Sandrão, durante uma noite, quando as duas dividiram um colchão para se esquentarem numa noite fria. A partir daí, o relacionamento começou. A duração diverge entre os veículos que fizeram cobertura do caso, mas, a Veja São Paulo, numa matéria de 2014, diz que as duas ficaram juntas por três dias.
Letícia Rodrigues, Marina Ruy Barboza e Carol Garcia em cena de 'Tremembé'
Divulgação
Sandrão, na verdade, se aproximou afetivamente mesmo de Suzane, com quem trabalhava na fábrica de costura da prisão. Ela, então, se separou de Elize e começou a namorar a jovem que mandou matar os pais. Na cadeia, há uma assinatura de termo de compromisso, sem valor legal, que funciona como uma espécie de casamento interno para que a dupla possa frequentar a ala destinada a casais e foi isso que Suzane e Sandrão fizeram: assinaram tal compromisso. Assim, em 2014, puderam frequentar o espaço destinado a casais.
Sandra foi uma das responsáveis por convencer Suzane a negociar entrevistas para a TV. Um dos programas que topou pagar por uma conversa com a filha dos von Richthofen foi o de Gugu Liberato, que negociou o papo por R$ 120 mil com Sandrão. Suzane teria recebido apenas R$ 100 mil, sem saber que a mulher levou uma comissão R$ 20 mil.
Suzane von Richthofen e Sandra Regina Ruiz, a Sandrão
Reprodução
Na época da entrevista, Gugu deu três máquinas de costura a Suzane para que ela pudesse recomeçar a vida quando saísse da prisão, afinal, era considerada a melhor costureira de Tremembé. As máquinas, no entanto, foram para a casa de um irmão de Sandra, visto que Suzane não tinha onde deixá-las fora da cadeia.
Este presente de Gugu virou motivo de briga quando as duas se separaram em 2016. Sandrão, já em regime aberto, não quis devolver as máquinas, alegando que foi ela quem convenceu a mulher a falar com Gugu. “A produção do programa entrou em contato comigo e me pediu para convencê-la a dar a entrevista”, contou Sandrão à revista Veja, em 2016. Suzane, no entanto, quis as máquinas de volta afirmando que o presente foi dado para que ela montasse um ateliê de costura quando estivesse em liberdade. Na época, as máquinas valiam R$ 12 mil.
Atualmente, Suzane está em liberdade condicional desde 2023, é casada e tem um filho nascido em janeiro de 2024. Ela vive no interior de São Paulo e estuda Direito. Já Elize se encontra em liberdade condicional desde 2022 e hoje trabalha como motorista de aplicatio no interio de São Paulo.
Sandrão, por sua vez, está livre. Ela havia sido condenada a 27 anos de prisão em 2003, pelo participação no sequestro e assassinato de um vizinho, um adolescente de 14 anos.
Initial plugin text
Fonte original: abrir