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Ataque de drone mata ao menos 40 pessoas durante funeral no Sudão

05/11/2025 09:39 O Globo - Rio/Política RJ

Dezenas de pessoas que participavam de um funeral no centro do Sudão foram mortas quando um ataque de drone atingiu a aldeia onde o velório acontecia, segundo autoridades estaduais. O episódio, revelado nesta semana, soma-se à crescente onda de atrocidades que assola o país, já devastado pela guerra civil.
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O ataque ocorreu em Kordofan do Norte, estado rico em petróleo e vizinho a Darfur — região que registra intensificação dos confrontos entre o Exército sudanês e as Forças de Apoio Rápido (RSF), grupo paramilitar envolvido no conflito.
Fontes locais informaram que cerca de 40 pessoas morreram no ataque, número confirmado pelas Nações Unidas. A imprensa sudanesa também divulgou estimativas semelhantes, citando autoridades que atribuíram a ofensiva às RSF.
O governo estadual classificou a ação como um ataque brutal contra uma “aldeia pacífica e segura” e pediu à comunidade internacional que adote “medidas imediatas” para reconhecer as Forças de Apoio Rápido como organização terrorista. Embora o comunicado não especifique a data do ataque, a nota foi divulgada na segunda-feira.
Massacre em Darfur e deslocamento em massa
Kordofan do Norte se tornou um ponto estratégico disputado por ambos os lados da guerra. A região fica a leste de Darfur, onde testemunhas e imagens sugerem um massacre em curso desde que as RSF tomaram a cidade de El Fasher nas últimas semanas. Milhares tentaram fugir, mas apenas um pequeno número conseguiu escapar com vida.
Na terça-feira, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, declarou que a guerra civil no Sudão está “saindo do controle”.
“Pessoas estão morrendo de desnutrição, doenças e violência. E continuamos recebendo relatos de violações do direito internacional humanitário e dos direitos humanos”, afirmou em discurso no Catar, acrescentando haver “relatos confiáveis de execuções em massa” desde a entrada das RSF em El Fasher.
Na semana passada, o Departamento de Estado dos Estados Unidos condenou “as supostas atrocidades em massa cometidas pelas Forças de Apoio Rápido” e afirmou que continuará trabalhando por um acordo de paz.
Após avaliar uma proposta de cessar-fogo apresentada por Washington, o ministro da Defesa do Sudão declarou que as Forças Armadas manteriam a ofensiva contra o grupo paramilitar.
Apesar da condenação global à escalada de violência, poucos governos têm criticado abertamente os Emirados Árabes Unidos, acusados de fornecer apoio às RSF.
Fome e crise humanitária sem precedentes
A guerra civil no Sudão, que já dura mais de dois anos, é considerada uma das piores crises humanitárias do mundo. O conflito forçou 12 milhões de pessoas a deixar suas casas e pode ter causado até 400 mil mortes, segundo estimativas independentes.
Na segunda-feira, a Classificação Integrada das Fases da Segurança Alimentar (IFSC), principal autoridade internacional em crises de fome, declarou estado de fome em El Fasher.
O ataque em Kordofan do Norte somou-se aos relatos do grupo humanitário Rede de Médicos do Sudão, que descreveu corpos se acumulando em residências locais. Analistas que monitoram o conflito afirmam que a região tem presenciado um aumento da presença militar, à medida que os dois lados disputam o controle do país.

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