Logo
Tudo que você precisa saber sobre as eleições em um só lugar

Com sinal verde para a Petrobras, governador do Amapá defende novos licenciamentos na Foz do Amazonas

22/10/2025 07:01 O Globo - Rio/Política RJ

Após quase cinco anos, a Petrobras conseguiu a liberação do Ibama para pesquisa de petróleo na Bacia da Foz do Rio Amazonas, na costa do Amapá. Para o governador do estado, Clécio Luís (Solidariedade-AP), a autorização concedida à estatal pode abrir caminho para novos licenciamentos para exploração na região, que é vista como a nova fronteira petrolífera do país.
O governador afirma que a autorização para que a Petrobras perfure um poço exploratório em águas profundas do Amazonas inaugura um novo momento econômico no estado.
Segundo ele, um eventual sucesso na exploração deste primeiro bloco pode levar a novos licenciamentos e um desenvolvimento na região, que pode arrecadar mais, e investir em fatores como a diversificação energética. Clécio ainda disse que a autorização antes da COP30, que será realizada em Belém neste ano, não mancha o evento. Para ele, teria “ficado feio” para o governo se a liberação houvesse acontecido após a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas.
O que significa para o Amapá a pesquisa na Foz do Rio Amazonas?
O petróleo inaugura um novo momento econômico para o estado, capaz de financiar a energia renovável, a nossa diversificação energética, a bioeconomia, os bens com produtos da floresta, o aprimoramento no monitoramento ambiental, as políticas públicas, a infraestrutura.
Caso o potencial de reservas seja confirmado vão ser necessárias novas licenças para exploração. O senhor acredita que o Ibama irá liberar a Petrobras extrair petróleo dessa região?
A Petrobras está há aproximadamente 5 anos tentando e conseguiu agora porque cumpriu todos os pré-requisitos, todas as exigências que o Ibama colocou e não foram poucas. Tivemos entraves, tivemos posicionamentos dogmáticos, ideológicos, fundamentalistas. Sempre vai ter algum tipo de debate sobre essa questão, mas isso (a autorização) vai abrir caminho para novos licenciamentos. Claro que a partir de um processo de pesquisa bem-sucedido, das normas de segurança, normas ambientais. Se essa experiência for bem sucedida, ela vai dar mais garantias que o precisa para liberar as demais licenças.
Caso se confirme o potencial da região, novas petroleiras devem ser atraídas para a exploração. Que impacto isso pode ter para a economia do Amapá?
Estamos negociando a vinda de uma faculdade de petróleo da Petrobras para cá. Tem uma série de cursos que serão necessários. Há uma frente de capacitação para que os empregos não venham só de fora. A segunda frente é um programa de desenvolvimento de fornecedores. Queremos gerar emprego aqui, emprego novo, emprego bom e capacitado.
A liberação pelo Ibama ocorreu às vésperas da COP30, em Belém. Não há uma contradição?
Eu nunca soube que a COP estava ali sendo feita para discutir apenas o petróleo, discute muito mais do que isso. E, ao contrário: essa decisão tendo sido tomada antes da COP, engrandece o evento. A COP não foi utilizada como escudo, não foi utilizada como cortina de fumaça para ganhar tempo. Pior seria se o Ibama expedisse esse licenciamento da COP. Aí ficaria feio pro Ministério do Meio Ambiente, pro Ministério de Minas e Energia, ficaria feio para Petrobras, ficaria feio para o governo brasileiro. O fato de ter sido liberado antes da COP mostrou seriedade, responsabilidade e honestidade com o tema.
Houve diálogo com o Ministério do Meio Ambiente ou com a ministra Marina Silva antes da liberação?
Eu não conversei com a Marina e com o Rodrigo (Agostinho, presidente do Ibama), mas por uma estratégia de não parecer que eu estava fazendo algum tipo de pressão não republicana. Meus posicionamentos foram todos públicos, claros e transparentes. Houve sim, de minha parte, um posicionamento muito firme, crítico quando foi necessário, porque demorou muito. Esse prejuízo é muito grande.
Como o governo estadual pretende dialogar com comunidades costeiras e povos tradicionais potencialmente afetados?
Nós fizemos muitas reuniões com lideranças indígenas, com instituições representativas dos povos indígenas. Agora instituímos um grupo de trabalho que vai tratar permanentemente e também abrindo diálogos com os pescadores, com extrativistas, comunidades ribeirinhas e indígenas. Não é unanimidade, mas que tem dado muito certo. O petróleo não nos pegará de surpresa. Nós estaremos preparados caso algo aconteça.

Fonte original: abrir