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Após 'suspender' encontro com Putin, Trump se reúne com chefe da Otan; líder russo acompanha manobras de forças nucleares

22/10/2025 17:04 O Globo - Rio/Política RJ

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, acompanhou nesta quarta-feira manobras das forças nucleares estratégicas, com o lançamento de mísseis intercontinentais e de cruzeiro, no momento em que o diálogo com os EUA sobre o conflito na Ucrânia parece ter entrado em banho-maria. Na véspera, o presidente americano, Donald Trump, disse que não se reunirá com Putin “em um futuro imediato”, após ter confirmado que ambos se encontrariam na Hungria, e nesta quinta-feira receberá o secretário-geral da Otan, a principal aliança militar ocidental, comandada pelos EUA, na Casa Branca.
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Em comunicado, o Kremlin afirmou que o exercício das forças estratégicas — agendado previamente — envolveu “componentes terrestres, marítimos e aéreos”, durante o qual ”foram realizados lançamentos práticos de mísseis balísticos intercontinentais e mísseis de cruzeiro lançados do ar".
O texto cita o uso do míssil intercontinental Yars, com capacidade de levar ogivas nucleares, lançado de um cosmódromo na região do Ártico, e do míssil Sineva, lançado a partir de um submarino no Mar de Barents. As manobras incluíram bombardeiros de longo alcance Tu-95MS, que lançaram mísseis balísticos, e foram acompanhadas por vídeo por Putin, que estava no Kremlin.
“O treinamento testou o nível de preparação dos órgãos de comando militar e as habilidades práticas do pessoal operacional na organização da gestão de tropas (forças) subordinadas”, afirma o comunicado. “Todas as tarefas de treinamento foram concluídas.”
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Desde o início da invasão da Ucrânia, a Rússia tem realizado manobras e exercícios de suas forças nucleares, além de testes com novas armas, como o míssil Sarmat, lançado pela primeira vez em abril de 2022, dois meses após o início da guerra, mas que sofreu uma “falha catastrófica” em 2024. Em novembro do ano passado, Putin confirmou ter usado um míssil balístico de alcance intermediário, o Oreshnik (“avelã”) em um ataque contra a Ucrânia, mas com uma ogiva explosiva convencional — o míssil tem capacidade para realizar ataques nucleares, e sua utilização foi encarada como uma forma de intimidação por Kiev e por seus aliados ocidentais.
Os testes ocorreram no mesmo dia em que a Rússia lançou um ataque de grande porte contra a Ucrânia, combinando 28 mísseis e 405 drones — segundo as autoridades ucranianas, sete pessoas, incluindo duas crianças, morreram, e dezenas ficaram feridas. Houve corte do fornecimento de energia em várias regiões ucranianas. Na terça-feira, Kiev afirmou ter atacado uma fábrica em Bryansk, cidade próxima à fronteira, acusada de "produzir pólvora, explosivos e componentes de combustível de foguetes usados ​​em munições e mísseis empregados pelo inimigo para bombardear o território da Ucrânia".
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Em paralelo aos bombardeios e aos testes de armas, a mais recente iniciativa da Casa Branca para estabelecer um diálogo com o Kremlin parece ter sido colocada em banho-maria. Na semana passada, Trump anunciou com pompa que se encontraria com Putin em Budapeste, e não escondia o desejo de sair de lá com algum tipo de acordo ou promessa para apresentar ao mundo — horas depois, ele recebeu o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, na Casa Branca, e além de lhe negar o fornecimento imediato de mísseis de cruzeiro Tomahawk, deixou claro que quer encerrar a guerra “nas atuais linhas”, ou seja, concordar com a presença russa em áreas anexadas militarmente.
Mas após uma conversa entre o secretário de Estado, Marco Rubio, e o chanceler russo, Sergei Lavrov, na terça-feira, o encontro desandou. Lavrov reiterou que a Rússia insiste em firmar um acordo de paz antes de iniciar o cessar-fogo, o que para diplomatas deixa claro que Putin não quer baixar as armas tão cedo. Com o impasse, a Casa Branca afirmou que os dois líderes não se reunirão “em um futuro imediato”, apesar do Kremlin e do governo da Hungria afirmarem que os preparativos ainda estão em curso.
— Não quero ter uma reunião desperdiçada — disse Trump na terça-feira, quando questionado sobre o motivo do adiamento. — Não quero perder tempo, então vou ver o que acontece.
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Em meio ao impasse, o secretário-geral da Otan, Mark Rutte, chegou a Washington nesta quarta-feira para uma reunião com Trump na Casa Branca. A jornalistas, afirmou que sua visita não deve ser encarada como um sinal de problemas no apoio a Kiev, e que tem total confiança no papel do presidente americano na resolução do conflito. Rutte, que não esconde sua afeição pelo americano e já o chamou de “papai” em uma cúpula

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