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‘Bolsonaro quis saber quantos anos reduzia a pena’, diz líder do PL sobre projeto da dosimetria

17/10/2025 22:31 O Globo - Rio/Política RJ

O líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), afirmou ao GLOBO que Jair Bolsonaro demonstrou interesse em saber sobre as articulações em torno do projeto que reduz as penas dos condenados pelos atos de 8 de janeiro. O deputado esteve na casa do ex-presidente nesta sexta-feira, em Brasília, onde ele cumpre prisão domiciliar.
Segundo Sóstenes, Bolsonaro o questionou sobre o andamento da proposta e quis detalhes do texto em discussão na Câmara.
— Bolsonaro me perguntou quantos anos reduzia o projeto de dosimetria. Eu disse que nem sabia — contou o parlamentar. — Vamos apresentar um destaque para aprovar anistia geral. Redução de pena não está em cogitação pra ninguém.
As declarações revelam o incômodo da ala bolsonarista com o rumo da proposta relatada por Paulinho da Força (Solidariedade-SP), que prevê apenas a redução das penas e não a anistia ampla desejada pelo PL. A bancada pretende aproveitar a tramitação do projeto — aprovado em regime de urgência há um mês, mas parado desde então — para tentar reabrir a discussão no plenário e incluir dispositivos mais abrangentes.
O impasse ocorre porque a proposta depende do aval do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), para avançar. Alcolumbre tem evitado qualquer sinalização sobre temas que possam gerar crise entre Congresso e Supremo Tribunal Federal. Nos bastidores, aliados do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), defendem que o projeto siga “em banho-maria”, até que o Senado indique disposição para votar. O temor é uma exposição como ocorreu na PEC da Blindagem, aprovada na Câmara e derrubada na Casa vizinha.
Mesmo diante do travamento, o PL tenta manter o assunto vivo na base.
— Falamos um pouco de política, logicamente. Falamos de anistia. Dei o cenário para ele como está. Falamos das derrotas que o governo teve (MP do IOF). Ele falou para seguir organizando o time para vetar qualquer recomposição. Temos que estar atentos a isso — relatou Sóstenes.
Na seara da dosimetria, Sostenes afirmou que Bolsonaro pediu para que o PL siga tentando convencer Hugo Motta a pautar o quanto antes possível. Na segunda-feira, o ex-presidente irá encontrar o dirigente Valdemar Costa Neto em encontro que deve definir as estratégias de mobilização.
Durante a visita, o deputado descreveu Bolsonaro como mais disposto, embora cada vez mais incomodado com o isolamento da prisão domiciliar.
— Senti Bolsonaro um pouco melhor da última vez que estive com ele. Não estava soluçando. O tempo vai passando e ele vai sentindo mais o isolamento. Está um pouco melhor de saúde. Voltou a fazer esteira essa semana. Tá tomando shake e os medicamentos — disse.
Segundo Sóstenes, a conversa também abordou articulações eleitorais para 2026. De acordo com o deputado, Bolsonaro se mostrou convicto de que Michelle Bolsonaro deve disputar o Senado pelo Distrito Federal e o filho Eduardo Bolsonaro (PL-SP) deve concorrer pela cadeira paulista. A vaga de Eduardo é tida como incerta pelo parlamentar estar nos Estados Unidos desde fevereiro deste ano, e com investigações abertas por sua articulação por sanções contra autoridades brasileiras.
— Falamos de quadros do Senado. Ele está convicto de que ela tem que ser senadora pelo DF e Eduardo no Senado em São Paulo — afirmou.
Sobre a eleição presidencial, o ex-presidente manteve o discurso de que ainda é cedo para discutir cenários. O núcleo duro do bolsonarismo defende que ele siga se apresentando como pré-candidato, mesmo inelegível, para preservar o capital político e manter o grupo mobilizado em torno de seu nome.

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