
BlackRock e MGX fazem aposta de US$ 40 bi em IA com compra da Aligned Data Centers
Um grupo de investidores liderado pela Global Infrastructure Partners (GIP), da BlackRock, concordou em comprar a Aligned Data Centers por US$ 40 bilhões, em um dos maiores investimentos em infraestrutura já realizados pela gestora de ativos. O acordo acontece enquanto Wall Street corre para garantir participação no boom da inteligência artificial.
A MGX, empresa de investimentos em IA criada pelo fundo soberano Mubadala Investment, investirá ao lado da GIP, segundo comunicado divulgado nesta quarta-feira. Os compradores estão adquirindo a empresa da Macquarie Asset Management, que fez seu primeiro investimento na Aligned em abril de 2018.
A GIP e seus parceiros — que também incluem Microsoft e Nvidia — estão mirando em um dos maiores beneficiários dos gastos com IA, no que se configura como a maior transação de data centers da história. A Aligned, sediada no Texas e com operações em todo os Estados Unidos e América do Sul, possui 50 campi e 78 data centers em operação ou em desenvolvimento, segundo seu site.
Em janeiro, a empresa obteve mais de US$ 12 bilhões em compromissos de capital e dívida de investidores, incluindo fundos geridos pela Macquarie Asset Management.
O acordo é o mais recente de uma série de grandes transações desde o surgimento do ChatGPT, à medida que investidores disputam exposição aos líderes de uma tecnologia com potencial para transformar indústrias e economias.
Eles têm investido fortemente em fornecedores de infraestrutura, como os fabricantes de chips Nvidia e SK Hynix., inflado as avaliações de startups como OpenAI e Anthropic, e injetado capital em toda a cadeia de fornecedores do ecossistema da IA.
De acordo com um relatório do Goldman Sachs publicado no início deste mês, empresas relacionadas à IA já responderam por US$ 141 bilhões em emissões de crédito corporativo neste ano, superando os US$ 127 bilhões em dívida total emitida em 2024.
Parceria da BlackRock
O acordo da Aligned é o primeiro fruto da parceria que a BlackRock formou há um ano com sua unidade GIP, a Microsoft e a MGX, para investir pesadamente em IA, data centers e energia para alimentar essa tecnologia.
O CEO da BlackRock, Larry Fink, adquiriu a GIP de Bayo Ogunlesi por US$ 12,5 bilhões em 2024, com o objetivo de realizar grandes investimentos em infraestrutura demandados por fundos de pensão, fundos soberanos e outros grandes investidores institucionais.
Larry Fink, CEO da BlackRock
Simon Dawson/Bloomberg
A parceria voltada à IA definiu como meta levantar US$ 30 bilhões em capital próprio, com o objetivo de financiar até US$ 100 bilhões em investimentos no setor.
A infraestrutura se consolida como um tema-chave para investidores que buscam lucrar com o boom da inteligência artificial, desencadeando uma corrida armamentista entre os maiores gestores de ativos alternativos do mundo para adquirir as competências necessárias para construir e operar ativos complexos, como data centers.
A Blackstone Inc. comprou a QTS Realty Trust por cerca de US$ 10 bilhões em 2021 e, no fim do ano passado, adquiriu a AirTrunk. Desde então, a Blackstone injetou capital nessas empresas, permitindo-lhes expandir significativamente seus portfólios e acelerar projetos de desenvolvimento, à medida que buscam atender à enorme demanda das maiores empresas de tecnologia do mundo por capacidade de processamento.
Centros hiperescaláveis
O negócio da Aligned é voltado para centros hiperescaláveis nas Américas, o que a posiciona para se beneficiar dessa demanda num momento em que o governo Trump vem pressionando as empresas de tecnologia a concentrarem seus investimentos no mercado doméstico. A empresa também possui um portfólio promissor de oportunidades de desenvolvimento, com terrenos que oferecem acesso em larga escala a energia em mercados estratégicos, segundo o comunicado.
Fundada em 2013, quase uma década antes do boom da IA generativa, a Aligned sempre se concentrou em oferecer data centers personalizados para empresas, com ênfase em eficiência e sustentabilidade.
Os data centers — e toda a infraestrutura necessária para sustentá-los, incluindo o fornecimento de energia — demandam tempo para serem desenvolvidos. Atualmente, a Aligned possui pouco mais de 600 megawatts de capacidade operacional, com outros 700 megawatts em construção, segundo a DC Byte, empresa de inteligência de mercado que acompanha o setor. Essa capacidade combinada torna a Aligned uma operação de porte considerável, afirmou o fundador da DC Byte, Edward Galvin.
Para efeito de comparação, a CoreWeave, provedora de nuvem que firmou acordos com OpenAI e Nvidia, possui 470 megawatts de capacidade ativa, segundo documentos públicos, com planos de expansão.
A Aligned não divulgou publicamente seus números de vendas. Se cobrasse cerca de US$ 210 por quilowatt por mês — o padrão de preço da indústria, segundo a CBRE, empresa de serviços imobiliários comerciais —, sua receita anual seria de quase US$ 1,6 bilhão. Esse valor subiria para US$ 3,4 bilhões ao se incluir a capa
Fonte original: abrir