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Autores reclamam de desorganização da Bienal do Paraná, que foi adiada; responsável pelo evento chama críticas de 'histeria'

16/10/2025 08:03 O Globo - Rio/Política RJ

Prevista para acontecer entre os dias 10 e 19 no Jockey Club do Paraná, em Curitiba, a I Bienal do Livro do Paraná foi adiada “por questões operacionais e logísticas, somadas aos impactos das condições climáticas adversas”, segundo nota divulgada pela organização em 5 de outubro. Dona da Cocar Produções Editoriais, responsável pela Bienal, Lis Alves afirma que uma sucessão de notícias negativas envolvendo o evento contribuiu para inviabilizar sua realização. Nos últimos meses, reportagens do jornal curitibano Plural expuseram uma série de problemas que colocavam o evento em risco, como a ausência de patrocinadores e o anúncio, em setembro, e da mudança de local do evento: do Viasoft Experience, na Universidade Positivo, para o Jockey Club.
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Ao GLOBO, Alves disse que as chuvas em Curitiba atrapalharam a montagem da infraestrutura e forçaram o adiamento da Bienal. No entanto, ela acrescenta que o noticiário negativo levou vários fornecedores (empresas de segurança, limpeza e comunicação) a exigirem pagamento adiantado, o que não estava previsto. Alves garante que, mesmo sem patrocinadores, todos os compromissos seriam honrados. Os recursos viriam das entradas (cerca de 10 mil já haviam sido vendidas, com preços entre R$ 20 e R$ 40), dos valores pagos pelos expositores (havia 50 confirmados) e do caixa da Cocar Produções Editoriais. O orçamento era enxuto, mas suficiente, ainda mais depois da mudança para o Jockey Club, cujo aluguel é mais barato.
'Estou há quase 30 anos no mercado'
Alves descreveu como “histeria” as críticas que a Bienal vem recebendo, sobretudo nas redes sociais.
— Eu estou há quase 30 anos no mercado, não comecei ontem, e agora estão me chamando de estelionatária. Não vejo motivo para tanto alvoroço. Talvez eu seja de outro tempo. Estou acostumada a tratar com outro tipo de pessoa, com outro tipo de autor — diz ela, reclamando dos autores que pediram adiantamento do cachê. — Sou do tempo em que os autores iam às bienais pela venda de livro, não pelo cachê. Agora, todo mundo parece que enlouqueceu por dinheiro. Fico envergonhada de promover um evento com pessoas assim.
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Na terça-feira, a escritora Thalita Rebouças compartilhou um vídeo nas redes sociais acusando a Bienal de “calúnia”. Em nota enviada ao jornal Plural, a Cocar Produções Editoriais afirmou que ela havia cancelado sua participação devido a “uma alteração de valores de cachê”. Segundo Alves, os cachês variavam entre R$ 1,5 mil e R$ 15 mil. Dos cerca de 200 autores previstos para a Bienal, quatro desistiram antes mesmo do adiamento: Thalita Rebouças, Pedro Bial, Sérgio Rodrigues e Jarid Arraes (por questões de saúde). Em post no Instagram, o evento afirmou que “matérias de caráter tendencioso e depreciativo” teriam desestimulado a presença dos convidados, mesmo com “toda a estrutura já preparada, passagens compradas e hospedagens confirmadas”.
Dificuldade de comunicação
O GLOBO conversou com quatro autores que estavam confirmados na programação. Sem querer se identificar, todos reclamaram da desorganização e da dificuldade de comunicação com a Bienal. Depois de aceitarem os convites, feitos entre junho e julho, os escritores disseram que passaram semanas sem notícia alguma do Paraná. Quando começaram a surgir notícias que punham em xeque a realização, passaram a pedir a assinatura de contratos que garantissem que tudo o que foi acordado seria efetivamente cumprido. “Na melhor das hipóteses, o evento parecia amadorístico e bagunçado demais”, diz um autor, que nunca recebeu o contrato solicitado.
Outros convidados pediram pagamento adiantado como garantia. “Por e-mail, disseram que assim seria, sem problemas. Veio o contrato jogando o pagamento para 10 dias depois da feira. Ali percebi que daria ruim, que a feira não ia acontecer”, diz uma autora. Ansiosa com a falta de informação, uma escritora tentou cancelar sua participação, mas ouviu que as passagens já haviam sido emitidas. Dias depois, o evento foi adiado. Outra autora desistiu quando, pela segunda vez, a organização da Bienal pediu seus dados para a compra de passagens de avião — ela mora em Curitiba.
Ao GLOBO, uma pessoa que acompanhou de perto a organização da Bienal por um período descreveu os processos como “uma desorganização completa e absurda”. E acrescentou que, se o evento tivesse sido realizado, havia risco dos autores não serem pagos — o que Alves nega.
Segundo a proprietária da Cocar Produções Editoriais, dos 50 expositores confirmados, 17 já pediram o dinheiro de volta e já estão recebendo propostas de reembolso. O representante de uma distribuidora de livros lamentou o fracasso da Bienal. Ele afirmou que um evento literário de grande porte em Curitiba seria estr

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