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Trump firma acordo com Austrália para ampliar acesso a minerais críticos

20/10/2025 16:33 O Globo - Rio/Política RJ

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou um acordo com o primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, para ampliar o acesso a minerais críticos e terras-raras, num esforço para reduzir a dependência das cadeias de suprimentos chinesas.
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— Estamos discutindo minerais críticos e terras-raras, e vamos assinar um acordo que vem sendo negociado há quatro ou cinco meses — disse Trump na Casa Branca nesta segunda-feira. — Dentro de um ano, teremos tantos minerais críticos e terras-raras que não saberemos o que fazer com eles.
Albanese afirmou que o acordo representa um investimento de US$ 8,5 bilhões, descrevendo-o como um “pipeline pronto para começar”. Ele destacou que o pacto eleva a cooperação econômica e de defesa entre os dois países “a um novo patamar”.
Os líderes explicaram que o acordo prevê processamento de terras-raras na Austrália, com possibilidade de expansão dessa capacidade. Segundo Albanese, EUA e Austrália investirão US$ 1 bilhão cada nos próximos seis meses em projetos iniciais, e outros empreendimentos devem incluir o Japão.
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Essa foi a primeira visita oficial de Albanese à Casa Branca desde o retorno de Trump ao poder, e ocorre em meio aos esforços do premiê para fortalecer os laços com os EUA, usando a riqueza australiana em minerais estratégicos como trunfo. A decisão da China de impor restrições inéditas à exportação de terras-raras tem causado preocupação global, levando o secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, a afirmar que os aliados — incluindo a Austrália — estão discutindo uma resposta conjunta.
A Austrália possui as quartas maiores reservas de terras-raras do mundo e busca se firmar como alternativa viável à China no fornecimento desses materiais, fundamentais para semicondutores, defesa, energia renovável e tecnologia. O país também abriga a Lynas Rare Earths Ltd., única produtora de terras-raras pesadas fora da China.
Antes da visita, autoridades australianas já vinham negociando com Washington. Mais de uma dezena de mineradoras australianas se reuniram com agências do governo americano para discutir possíveis participações dos EUA nas empresas — parte de uma estratégia mais ampla para criar cadeias de suprimento que concorram com as chinesas.
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O ministro australiano da Fazenda, Jim Chalmers, também se encontrou com investidores de grupos como Blackstone e Blue Owl Capital em Nova York, promovendo o país como destino estável e rico em recursos para diversificação das cadeias globais.
O otimismo em torno do acordo impulsionou as ações da Lynas, que subiram mais de 150% nos últimos 12 meses.
Venda de submarinos
Trump afirmou ainda que os dois líderes discutiriam comércio, submarinos e outros equipamentos militares, enfatizando a importância da cooperação em defesa. O presidente americano vem pressionando a Austrália a elevar seus gastos militares de 2% para 3,5% do PIB, algo que o país ainda resiste em fazer.
Outro tema central é o acordo do pacto Aukus, que prevê a venda de até cinco submarinos nucleares classe Virginia aos australianos até o início da década de 2030. Depois disso, Austrália e Reino Unido desenvolveriam um novo modelo de submarino com tecnologia americana, previsto para os anos 2040.
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O Aukus foi assinado em 2021, durante o governo de Joe Biden, para conter a expansão militar da China na região do Indo-Pacífico. A administração Trump, contudo, revisa o pacto para avaliar se está “alinhado com a agenda America First”, o que gerou temores de que o acordo fosse abandonado.
Autoridades australianas e britânicas minimizaram essa possibilidade, e Trump afirmou que pretende seguir adiante com as vendas:
— Estamos fazendo isso — disse ele. — Temos os melhores submarinos do mundo e já estamos construindo mais. Está tudo encaminhado com Anthony. O processo está avançando muito bem.
Trump elogiou ainda a cooperação militar entre os dois países:
— Vocês fazem um trabalho fantástico em armamentos. Nossas forças armadas trabalham juntas de forma muito próxima.
Apesar da boa relação, Trump descartou aliviar tarifas sobre produtos australianos, mantendo uma tarifa-base de 10%.
— A Austrália paga tarifas muito, muito baixas — afirmou.
Albanese, por sua vez, tenta equilibrar suas relações comerciais: além de fortalecer o vínculo com os EUA, também busca aproximação com a China, principal parceiro comercial da Austrália. O premiê visitou Pequim em julho, pela segunda vez desde que assumiu o cargo.

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