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Shein enfrenta resistência a plano de abrir lojas físicas na França, principalmente em Paris, capital da moda

10/10/2025 21:50 O Globo - Rio/Política RJ

A Shein, varejista on-line de fast-fashion, está enfrentando oposição ao seu plano de abrir lojas físicas em cidades da França, dentro de lojas de departamento que operam sob o nome Galeries Lafayette.
A Galeries Lafayette vendeu a rede de lojas em 2021 para a Société des Grands Magasins (SGM), que manteve o direito de usar o nome da tradicional rede de varejo francesa.
Mas a notícia da abertura de lojas físicas não agradou os franceses. Um dos principais motivos é o momento escolhido para a expansão. No início deste ano, várias varejistas de fast-fashion no país, incluindo Jennyfer e Naf Naf, entraram com pedidos de processos de insolvência.
Há uma preocupação generalizada de que a presença física permanente da Shein prejudique ainda mais as marcas locais, já em dificuldades.
Os varejistas franceses já enfrentavam forte concorrência de grandes players globais como Zara e H&M. No entanto, o modelo de negócios da Shein — que frequentemente envolve a venda de roupas a preços extremamente baixos — representa um desafio ainda maior, especialmente por seu forte apelo entre o público jovem.
Além disso, a Shein tem sido alvo de crescentes críticas por parte de varejistas, políticos e reguladores franceses. Parlamentares do país já aprovaram um projeto de lei voltado para regulamentar a moda rápida. Se aprovado, o texto proibiria a Shein de fazer publicidade na França.
A primeira loja física da Shein está prevista para ser inaugurada no próximo mês dentro da loja de departamentos BHV Marais da SGM, no centro de Paris.
Segundo o jornal Le Monde, a lista de fornecedores “furiosos”, “escandalizados” ou “revoltados” com a estratégia e a gestão do Grupo SGM só aumenta desde o anúncio da abertura da loja dentro da BHV, acrescentando que vários já abandonaram o barco.
A APC, marca pertencente à L. Catterton, um fundo de investimento co-propriedade da LVMH, está jogando a toalha. O grupo americano PVH, proprietário da Calvin Klein e da Tommy Hilfiger, está considerando fazer o mesmo. A Cabaïa, líder na venda de mochilas na França, também ameaçou sair. “Porque nossos interesses e valores divergem”, explicou Bastien Valensi, fundador da marca.
A Galeries Lafayette, por sua vez, afirmou que não compartilha os “valores” da Shein e que impedirá a abertura dessas lojas, alegando que a medida violaria as obrigações contratuais da SGM. Fundada no final do século XIX, a Galeries Lafayette é mais conhecida por sua icônica loja de departamentos em Paris, próxima à Ópera Garnier.
Em resposta, a SGM afirmou que seus planos estão em conformidade com os termos do contrato firmado com a Galeries Lafayette. Fundada em 2018 por Frédéric e Maryline Merlin, a SGM é uma empresa francesa de imóveis comerciais e operadora de lojas de departamento.
Fenômeno
O grupo Shein, fundado na China e atualmente sediado em Cingapura, tornou-se um fenômeno do varejo on-line e das redes sociais, vendendo roupas baratas para consumidores ao redor do mundo. No início do mês, a SGM anunciou que o grupo asiático concordou em abrir lojas dentro das unidades Galeries Lafayette da SGM nas cidades de Dijon, Grenoble, Reims, Limoges e Angers.
A abertura de lojas permanentes representa um marco importante para a empresa, que até agora dependia principalmente de lojas temporárias (pop-ups) em todo o mundo como estratégia de marketing.
“Juntas, a SGM e a Shein visam atrair um público mais jovem e conectado, ao mesmo tempo em que preservam o DNA histórico das lojas de departamento”, disseram as empresas em um comunicado conjunto, acrescentando que as novas lojas criarão 200 empregos diretos e indiretos na França.
As aberturas planejadas das lojas da Shein na França demonstram uma “falta de respeito” pelos clientes fiéis da BHV e da Galeries Lafayette e irão enfraquecer a imagem da moda francesa, afirmou Yann Rivoallan, presidente da Federação Francesa de Prêt-à-Porter Feminino, em nota separada.

Fonte original: abrir