Sarina Wiegman e Arthur Elias comandam reencontro entre Brasil e Inglaterra, atuais campeãs continentais
Quando a bola rolar para Brasil e Inglaterra, em Manchester, às 13h30 (de Brasília), todas as atenções estarão voltadas para o que acontecerá no Etihad Stadium. Fora das quatro linhas, há outro grande confronto que envolve duas pessoas indicadas à Bola de Ouro na categoria de melhor treinador do futebol de mulheres. Sarina Wiegman e Arthur Elias estão em momentos distintos do trabalho, já que o brasileiro vive fase de ascensão e a tricampeã da Euro precisa lidar com muitas baixas e pouca inspiração das Leoas, e a dupla promete protagonizar um duelo à parte neste sábado.
Estrangeiros à sua maneira — uma holandesa à frente da Inglaterra e um homem no comando da seleção feminina —, os dois treinadores precisaram de pouco tempo para se sentir em casa quando começaram os trabalhos, em 2021 e 2023, respectivamente. E logo apareceram os resultados: Sarina e as Leoas conquistaram a Euro de maneira inédita em 2022, e Arthur levou a Canarinho a um pódio olímpico após 16 anos em 2024.
Os triunfos no início do trabalho serviram não apenas para deixar para trás anos de resultados frustrantes, mas também para subir o sarrafo da qualidade do cargo. Com as conquistas, os dois estreitaram os laços com as federações — CBF de um lado e FA de outro —, o que permitiu uma maior integração entre as seleções. Antes de viajar para a Copa América, Arthur Elias convocou jogadoras do sub-20 para participar de treinamentos com a equipe principal.
Na mesma linha, Sarina convocou Michelle Agyemang, eleita a melhor jogadora jovem da Euro, diretamente da concentração com a Inglaterra sub-19 para estrear na seleção adulta. Não à toa, a holandesa venceu a premiação da Bola de Ouro de 2025, e o brasileiro foi o quarto mais votado.
O amistoso entre as atuais campeãs continentais já estava decidido antes da Copa América e da Euro terminarem, e funcionará como uma prévia da Finalíssima — a primeira edição também foi disputada pelas duas equipes, em 2023, e a próxima está prevista para 2026. Sem valer título, a expectativa é de que a partida seja bem diferente da última, quando a Inglaterra ganhou, nos pênaltis, após um empate em 1 a 1 no tempo regulamentar.
Embora o resultado tenha sido decidido apenas nos pênaltis, o Brasil de Pia Sundhage foi completamente dominado pela Inglaterra, que esteve à frente do placar desde a metade do primeiro tempo e parecia encaminhar uma vitória sem sustos quando sofreu um gol já nos acréscimos, e a disputa foi resolvida nas penalidades. E também foi assim que as seleções mantiveram suas hegemonia continentais: a Inglaterra venceu a Espanha na final da Euro, e o Brasil superou a Colômbia e garantiu o nono título da Copa América.
Sarina e as Leoas precisaram suar mais a camisa para chegar à decisão — nas quartas, reverteram uma vantagem de 2 a 0 da Suécia e avançaram nos pênaltis, e na semifinal empataram com a Itália aos 51 do segundo tempo e viraram já no final da prorrogação. As brasileiras tiveram vida fácil até a final, mas na decisão ficaram atrás do placar três vezes em um jogo eletrizante de oito gols, e precisaram de um gol salvador de Marta no último lance para impedir a vitória da Colômbia nos 90 minutos.
As dores de cabeça que Wiegman enfrentou na Euro só aumentaram desde então. Nos últimos meses, ela precisou passar por um processo forçado de reformulação da equipe, já que Mary Earps, Fran Kirby e Millie Bright anunciaram a aposentadoria da seleção logo antes do torneio, deixando dúvidas no gol, na zaga e no meio. Mais recentemente, Leah Williamson, Lauren Hemp e Lauren James sofreram lesões e se tornaram outras baixas. Lucy Bronze, que fraturou a perna no torneio europeu, ainda não jogou um jogo completo após a recuperação e é dúvida para a partida.
Para piorar, durante os treinos para o duelo, a goleira Hannah Hampton, heroína do título continental, sofreu uma lesão no cotovelo e também ficará de fora. Mesmo assim, a treinadora ainda tem à disposição grandes nomes como Ella Toone, Keira Walsh e Georgia Stanway no meio; Beth Mead, Alexia Russo e Chloe Kelly no ataque. A sensação Aggie Beever-Jones é uma boa alternativa no setor ofensivo, e vive bom início de temporada no Chelsea, onde foi eleita a melhor jogadora de setembro da liga nacional inglesa (FAWSL).
Para Arthur Elias, o duelo representa experiências inéditas. Apesar de já ter enfrentado seleções dentro do top-10 do ranking da Fifa 13 vezes em dois anos de trabalho (seis vitórias, seis derrotas e um empate), este será o primeiro encontro com a Inglaterra. Ele levará o ineditismo para o gramado, já que só cinco jogadoras que fizeram parte da lista de Pia, em 2023, foram convocadas. Tarciane e Yasmim são as representantes da primeira linha, Duda Sampaio e Ary Borges são as meias remanescentes, e Bia Zaneratto voltou a ser chamada pelo treinador pela primeira vez em 19 meses.
— Sempre tem rivalidade quando se fala de grandes escolas do futebol. Brasil e Inglaterra são seleções que, mesmo não tendo grandes conquistas como Copa do Mundo ou Ol
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