
Racismo ou afinidades
Acusações de racismo e trapaça, associadas à academia mais laureada do país, pode causar graves arranhões à imagem da Universidade de São Paulo (USP), apesar da volumosa e qualificada produção de conhecimento.De um lado, a professora e servidora pública federal Érica Cristina Bispo, aprovada em primeiro lugar no concurso realizado ano passado para docente na área de Literaturas Africanas de Língua Portuguesa.Do outro, seis inconformados, mobilizando os recursos possíveis, alegando ter sido a vencedora beneficiada devido às afinidades desenvolvidas com dois integrantes da banca examinadora do certame.Como “juiz” do conflito, aparece a gestão da USP, tendo decidido os membros do Conselho Universitário pela anulação, acatando, portanto, o recurso impetrado pelos candidatos unidos pela reversão.Outra importante participação neste hipotético “cabo de guerra”, no qual cada força “puxa” a corda para seu interesse ou dever, é a do Ministério Público, concluindo pelo arquivamento da contestação, por legitimidade do processo. A docente tenta amparar-se na temática identitária, por ser a única preta a disputar a vaga, enquanto os demais concorrentes são todos brancos.Independentemente de quem saia com a vitória nesta demanda, se para algo mais precioso vale o embate é demonstrar, por indução, o quanto podem ser questionáveis os encontros para decidir teses e concursos.Seja por conta da inclinação ao “bem-querer” ou pela vantagem de ter assento em grupos de poder acadêmicos intramuros, pode-se averiguar, com alta probabilidade, a fragilidade de ouvidorias e de ação correcional.No caso específico da professora Érica, defendeu-se ao solicitar o reconhecimento de seu triunfo, estranhando ter exposto um viés incomum a instituição campeã brasileira entre todas as 205 universidades.É preciso melhorar a confiabilidade destes exames, e apurar, com todo rigor, a denúncia de racismo, exceto se confirmada alguma leviandade.
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