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Quem é Rodrigo Paz, presidente eleito da Bolívia

20/10/2025 00:51 O Globo - Rio/Política RJ

O segundo turno das eleições presidenciais na Bolívia, realizado neste domingo, consagrou a ascensão de Rodrigo Paz Pereira, senador de centro-direita pelo estado de Tarija. Com 54,49% dos voto, segundo a contagem rápida do órgão eleitoral, ele venceu o ex-presidente Jorge “Tuto” Quiroga, que obteve 45,47%, marcando o primeiro duelo sem um representante da esquerda em 20 anos.
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Nenhuma sondagem projetava o favoritismo de Paz no primeiro turno: em levantamentos anteriores, ele aparecia com menos de 10% das intenções de voto, atrás de Quiroga e Doria Medina. No entanto, em meio a uma crise econômica profunda, seu discurso de renovação política parece ter encontrado terreno fértil num eleitorado que rejeita cada vez mais o Movimento ao Socialismo (MAS) — no poder desde 2005, quando o ex-presidente Evo Morales, impedido de concorrer nestas eleições, foi eleito pela primeira vez.
E faltando uma semana para o segundo turno, Quiroga novamente liderava nas pesquisas: ele com 44,9% das intenções de voto e Paz, com 36,5%.
Quem é Rodrigo Paz
Rodrigo Paz, de 57 anos, nasceu em Santiago de Compostela, na Espanha, durante o exílio de seus pais perseguidos pelas ditaduras militares sul-americanas. É filho do ex-presidente Jaime Paz Zamora (1989-1993) e da espanhola Carmen Pereira, com quem manteve uma vida marcada pela mobilidade entre diferentes países antes de regressar definitivamente à Bolívia. Economista de formação, estudou relações internacionais e concluiu um mestrado em Gestão Política pela American University, em Washington.
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Sua carreira política foi construída de forma gradual. Começou como deputado, atuou como vereador em Tarija, comandou a prefeitura da cidade entre 2015 e 2020 e, atualmente, ocupa uma cadeira no Senado. Ao longo desse percurso, cultivou a imagem de político local, próximo ao eleitorado de Tarija, mas também crítico do centralismo em La Paz.
Entre suas propostas está a chamada “agenda 50/50”, que prevê redistribuição do poder, reforma da Justiça e descentralização do Estado. Paz adotou como bandeira o “capitalismo popular”, slogan que resume suas principais bandeiras: crédito acessível, corte de impostos, incentivos a pequenos negócios e fechamento de estatais deficitárias. Em seus discursos de campanha, repetiu frases como “platita para todos” e “capitalismo para todos, não para uns poucos”.
— O que precisamos é de uma economia para o povo, não para o Estado — declarou após votar em Tarija no primeiro-turno, criticando o modelo estatista que marcou os governos do MAS.
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Filho de Jaime Paz Zamora, um dos nomes centrais da política boliviana no fim do século XX, Rodrigo Paz manteve durante anos uma relação política distante do pai. Nos últimos meses, no entanto, reaproximou-se publicamente, sendo visto ao lado do ex-presidente em eventos de campanha.
— Meu pai me ensinou que a política se faz com amor, respeito e compromisso com nossa terra. Esse é o exemplo que me guia — disse Paz ao ser questionado sobre a influência do ex-mandatário em sua trajetória.
Casado com Mari Elena Urquidi, com quem tem quatro filhos, o candidato do Partido Democrata Cristão gosta de se definir como alguém que não “vive da política”, mas que faz “serviço público”. Ele já derrotou o Movimento ao Socialismo (MAS) em cinco eleições e mantém o discurso de que representa uma nova geração de líderes, distinta tanto do MAS quanto da velha direita boliviana.

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