Queda sem fim: entenda por que o Bitcoin está no menor nível desde junho
O Bitcoin devolveu todo o rali do verão, entregando os ganhos alimentados pela euforia de Wall Street e pela onda de compras institucionais. A primeira e mais popular criptomoeda caiu mais de 5% nesta terça-feira em Nova York, para US$ 100.769, o menor valor desde junho.
Isso representa queda de 20% em relação ao recorde atingido há um mês, uma correção típica de mercado baixista em ações. O Ether recuou até 6,6% e diversas altcoins tiveram quedas semelhantes, acumulando perdas superiores a 50% no ano para muitos dos tokens menos líquidos.
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O ponto de virada veio em meados de outubro, quando uma onda brutal de liquidações apagou bilhões em posições otimistas. Desde então, operadores têm evitado o mercado: o interesse aberto em futuros de bitcoin segue muito abaixo do nível pré-crash e, mesmo com custos de financiamento mais favoráveis, poucos se arriscam a voltar.
Resultado: o bitcoin sobe menos de 10% no ano, atrás das ações e voltando a decepcionar como proteção de carteira.
Venda em massa traumatizou
A queda até os mínimos de junho mostra um mercado ainda marcado pelo trauma psicológico da liquidação maciça de outubro, que alterou o comportamento dos participantes frente à tendência de baixa, disse Chris Newhouse, diretor de pesquisa da Ergonia.
Apesar de tudo, as vendas têm baixa convicção: o volume total de liquidações nesta terça foi modesto, cerca de US$ 1 bilhão, bem abaixo dos US$ 19 bilhões varridos em 10 de outubro. No mercado de opções, investidores reforçam proteção contra novas quedas, com forte demanda por puts para novembro com strike de US$ 80 mil, segundo a Deribit.
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A derrocada do bitcoin acompanha o recuo de ações de tecnologia de alto desempenho, como Palantir e Nvidia, afetadas por dúvidas sobre avaliações esticadas. Visto como termômetro de apetite por risco, o bitcoin volta a cair em sintonia com o humor nas bolsas.
As criptos enfrentam outros ventos contrários, incluindo resgates em ETFs e receios de vendas por tesourarias de ativos digitais. Uma nova queda aproximaria o foco do mercado do nível psicológico de US$ 100 mil, superado brevemente em junho. ETFs de bitcoin e ether registram saídas há um mês, sugerindo esfriamento da demanda e pausa no impulso do setor.
Embora a tendência de longo prazo siga claramente baixista, a severidade das liquidações de outubro impede que operadores mantenham posições vendidas com convicção, deixando o mercado dominado por operações táticas de curto prazo, disse Newhouse.
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